terça-feira, 23 de julho de 2013

SciELO África do Sul obtém certificação


Agência FAPESP – Foi realizado nesta segunda-feira (22/07) em Pretória, na África do Sul, um evento comemorativo da certificação da coleção da SciELO South Africa.
Após quatro anos de desenvolvimento, a plataforma de acesso aberto a periódicos científicos do país africano obteve em abril a certificação de que sua coleção de revistas científicas atende aos critérios de qualidade da Rede Scientific Eletronic Library Online (SciELO), apoiada pelo programa SciELO da FAPESP.
Para celebrar a conquista, a Academia de Ciências da África do Sul (Assaf, na sigla em inglês) organizou o evento com a presença de autoridades do país, como o assessor do ministro do Departamento de Ciência e Tecnologia, Khotso Mokhele, do presidente da Assaf, Daya Reddy, do coordenador da Fundação Nacional de Pesquisa, Albert van Jaarsveld, e do embaixador do Brasil na África do Sul, Pedro Luiz Carneiro de Mendonça. E, até terça-feira (22/07), a instituição fará reuniões com representantes de órgãos de fomento à pesquisa sul-africanos, da Rede SciELO e com editores de revistas científicas nacionais que já integram ou não a SciELO África do Sul.
Os objetivos dos encontros são avaliar o programa e discutir o futuro da comunicação científica na África do Sul, além de debater questões sobre como internacionalizar e aumentar a visibilidade das revistas científicas publicadas pelo país.
“A expectativa é de que a África do Sul venha a coordenar, no futuro, a disseminação da SciELO no continente africano”, disse Abel Packer, coordenador do programa SciELO, à Agência FAPESP.
De acordo com Packer, que participa dos eventos em Pretória, inicialmente a coleção da SciELO África do Sul é composta por 26 periódicos em áreas como Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências Humanas. A meta, no entanto, é que a coleção tenha, aproximadamente, 100 revistas certificadas nos próximos dois anos.
Para ser certificada, uma coleção deve contar com um comitê científico responsável pela seleção dos periódicos, processar as revistas científicas de acordo com a metodologia da SciELO e publicá-los online de forma atualizada. O website da coleção também deve funcionar regularmente e ser de fácil acesso.

Já para que um periódico científico seja indexado na coleção SciELO África do Sul, é preciso atender um conjunto de requisitos determinados pela Rede SciELO, além das normas estabelecidas pela Assaf, as quais são avaliadas pelo comitê científico da coleção. Entre elas, que tenha um comitê representativo da disciplina ou área científica coberta, com a participação de pesquisadores de diferentes universidades e instituições de pesquisa do país e do exterior, que publique predominantemente pesquisa original com regularidade e que seu conteúdo seja facilmente acessível.
Aumento de coleções certificadas
Segundo Packer, a África do Sul é o décimo primeiro país a ter sua coleção de revistas certificada entre os 16 que já adotaram o modelo SciELO. Outros dez países com certificação são Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México, Venezuela, Espanha e Portugal.
Em média, a coleção de revistas científicas do país africano integrante da Rede SciELO registrou mensalmente 500 mil acessos em outubro e novembro de 2012. O número deve subir em 2013 com o aumento previsto do número de periódicos sul-africanos na plataforma de publicaçãoonline nos próximos dois anos, estimou Packer.
“O acesso aos periódicos da SciELO África do Sul aumentou bastante e é muito dependente do número de revistas científicas e de artigos publicados. À medida que mais periódicos ingressarem na coleção, o número de acessos também deve aumentar”, avaliou o especialista.
Quando a coleção da SciELO África do Sul estiver estabilizada, com 100 periódicos, o país africano deverá integrar o bloco de países com as maiores coleções credenciadas na Rede SciELO, depois do Brasil. O bloco é composto por Argentina, Chile e México.
“A composição da coleção de revistas científicas da Rede SciELO é dinâmica. Sempre há novos periódicos ingressando na plataforma e também outros que são retirados”, ressalvou Packer.
O processo de adoção da SciELO pela África do Sul começou no início de 2007, quando o Departamento de Ciência e Tecnologia da África do Sul solicitou à Academia de Ciências sul-africana um estudo sobre as melhores opções de publicação de acesso aberto na internet para os periódicos científicos do país africano. Para isso, foi nomeada uma comissão que avaliou as soluções existentes no mundo hoje para essa finalidade.
Após um ano de estudos independentes, a comissão de avaliação decidiu pela plataforma SciELO. Para adotá-la, representantes da comissão vieram ao Brasil, onde se reuniram com Packer e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, para conhecer com maior detalhe a estratégia do Programa SciELO.
A partir de 2009, o país africano passou a operar na rede, sob a coordenação da Assaf e com apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia e do Ministério de Educação Superior da África do Sul. E agora, em abril de 2013, obteve a certificação.
“Toda coleção de periódicos científicos que entra na SciELO passa por um período de avaliação piloto, que chamamos de desenvolvimento. Após cumprir todos os requisitos, é certificada”, explicou Packer.
15 anos de existência
A certificação da SciELO África do Sul coincide com as comemorações dos 15 anos da Rede SciELO, completados em 2013. Para marcar a data, o programa realizará entre os dias 22 e 25 de outubro, em São Paulo, uma conferência internacional.
O evento reunirá autoridades e especialistas em pesquisa e comunicação científica para debater o estado da arte em comunicação científica em acesso aberto e os desafios para o desenvolvimento dos periódicos científicos e do Programa SciELO.
A base SciELO foi lançada em 1998 pela FAPESP em cooperação técnica com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme/Opas/OMS). Desde 2002, o projeto também é apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem sua infraestrutura institucional estabelecida na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Especialmente concebido para atender às necessidades da comunidade científica nos países em desenvolvimento, em particular na América Latina e nos países do Caribe, o modelo da SciELO compreende controle de qualidade e instrumentos para medir a frequência de uso e o impacto dos periódicos que publica.
Atualmente, a SciELO possui 1.037 periódicos e registra uma média de 1,35 milhão de downloadspor dia, sendo 63% em PDF e 37% em HTML. 

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