sexta-feira, 15 de março de 2013

Informação versus desinformação


Juarez Bahia afirma que o objetivo do jornalismo é informar, interpretar, orientar e divertir, configurando-se para intermediar a participação do público na vida coletiva. Mas sua função primordial é difundir notícias, processo regido pelo fato, pela surpresa, pela idéia, pela desgraça ou pela glória. Assim, com o objetivo de levar informações ao público, “desde o começo, o jornalismo busca influenciar e alterar padrões de comportamento, induzindo atitudes, registrando formas de produção e gerando hábitos de consumo”.


O autor sublinha a necessidade que a imprensa possui de manter-se atual e moderna, seguindo as modificações nos interesses, preferências, gostos, hábitos e
níveis educacional e cultural do público e da sociedade. Para aproximar-se disso, adotou
“um conteúdo claro, incisivo e conciso”, preferível à “redação prolixa, confusa, obscura
e desordenada”. Ele esclarece, contudo, que “as técnicas do jornalismo são processos e
práticas de cobertura dos acontecimentos através dos quais se produzem as notícias”.
Trata-se de uma “informação tecnologicamente sofisticada”, que engloba apuração,
redação, edição, diagramação e composição.

Para Marcondes “a comunicação não é apenas o texto mas também todo um contexto (cultural, histórico, social) muito amplo”. Logo, no tratamento das notícias, comunicação e informação encontram-se em lados opostos: “comunicação passou a se aplicar às formas de 'fabricar fatos', de criar notícias, de seduzir jornalistas para fatos originalmente não jornalísticos mas suficientemente atraentes para cativá-los e
fazê-los transformar em notícia”. Por outro lado, “informação seria aquilo que os jornalistas buscam por si mesmos, não ganham de graça, que dá trabalho e que se torna notícia pela sua própria natureza”.
O autor destaca não ser fácil detectar os critérios de noticiabilidade. Há
um consenso acerca do espetacular ou sensacional, do que traga emoção e testemunho.
Mas, a maior parte das notícias estrutura-se ao redor de clichês, pois os jornalistas selecionam e classificam os fatos de acordo com estereótipos. “Assim, eles se tornam atores privilegiados na manutenção de idéias, verdadeiros  agentes conservadores da cultura, visto que têm acesso a meios de divulgação em massa de suas idéias (e preconceitos)”.

O principal, entretanto, é a construção antecipada da notícia que o clichê opera: “jornalistas não partem para o mundo para conhecê-lo; ao contrário, eles têm seus modelos na cabeça e saem pelo mundo para reconhecê-los (e reforçá-los)”. Há, ainda, aquilo que Marcondes chama de “mito das cinderelas”, separando os de dentro dos outros. A cinderela é uma metáfora da civilização, que se contrapõe à barbárie.
Essa é a função conservadora mais efetiva dos jornalistas: eles reconstroem diariamente o mundo impondo-lhe sua verdade cristalizada sobre as pessoas, sobre os fatos, sobre as ocorrências novas, exercendo a
atividade tranqüilizadora e gratificante (para a maioria de pessoas) de “manter o mundo exatamente como ele é”, a saber, o  mais próximo. Leia mais


Fonte:


Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
XII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação da Região Sudeste – Juiz de Fora – MG


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