Trata-se de um trabalho apresentado no 49 Congresso Internacional de Americanista, em julho de 1997, em Quito, Equador. A idéia da comunicação é refletir sobre a especificidade da colonização da Iberoamérica, especialmente quando comparada com a da Angloamérica, tomando como referência a diferente inserção dos Países Ibéricos e da Europa Anglo-Saxônica na chamada Modernidade Ocidental, na virada do século XVI para o XVII. Em nosso entender, a singularidade da Idade Média na Península Ibérica - convivência entre cristãos, muçulmanos e judeus; ampla divisão da filosofia aristotélica-tomista -, bem como a precocidade da constituição dos estados nacionais português e espanhol, seguida de uma expansão ultramarina pioneira, condicionou uma relação singular dos ibéricos com o humanismo do século XVI e com a filosofia e a ciência moderna no século XVII. Estamos denominando essa situação uma Modernidade Medieval, que assumiu precocemente características modernas como o antropocentrismo humanista, mas optou por modernizar o tomismo medieval ao invés de abraçar a filosofia e a ciência moderna (Descartes e Galileu). Mesmo quando o fizeram, inspirados pelo iluminismo do século XVIII, o resultado foi ecletismo, uma aceitação do novo sem descartar o velho. Pretendemos mostrar a presença dessa característica, ainda que não assumindo as mesmas formas, na Iberoamérica colonial ( instituição político-administrativa, sociedade estamentária, recepção seletiva das idéias de Copérnico e Descartes), e no ecletismo que caracterizou o Iluminismo, cujos reflexos se fizeram sentir momento de sua "emancipação política" no século XIX, e ainda persistem nas reclamações sobre a insuficiente modernidade da América Latina ( e do Brasil). ( p. 195-217) Texto Completo: pdf
Fonte:
Revista Estudos Históricos
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