terça-feira, 17 de abril de 2012

Apresentação sobre Biblioteca de Alexandria

A Biblioteca de Alexandria, durante seis séculos, foi o centro cultural do mundo. Reuniu sábios, das mais diferentes procedências, que nela desenvolveram trabalhos e pesquisas de importância fundamental para o conhecimento. Bibliotecários eruditos tornaram acessível ao mundo ocidental obras de toda origem. Calímaco criou uma forma de organização do conhecimento registrado, cuja influência perpassou outras bibliotecas antigas e bibliotecas medievais, chegando até nossos dias. A etimologia de palavras utilizadas na Antigüidade explica seu uso contemporâneo na representação bibliográfica. A destruição da antiga Biblioteca se reveste de lendas, de origens diversas, inclusive aquelas historicamente preconceituosas. Conclui-se com um relato sumário sobre a revivescência e as principais características da nova Bibliotheca Alexandrina, estabelecendo um paralelo entre a antiga Biblioteca e a nova, como símbolos de conhecimento e coexistência entre diferentes seres humanos e suas perspectivas.
Fundação:
Acredita-se que a biblioteca foi fundada no início do século III A.C., concebida e aberta durante o reinado do faraó Ptolomeu I Sóter ou durante o de seu filho Ptolomeu II. Plutarco (46 D.C.–120) escreveu que, durante sua visita a Alexandria em 48 A.C., Júlio César queimou acidentalmente a biblioteca quando ele incendiou seus próprios navios para frustrar a tentativa de Achillas de limitar a sua capacidade de comunicação por via marítima. De acordo com Plutarco, o incêndio se espalhou para as docas e daí à biblioteca.
Obras:
Quanto aos números, existem interpretações variadas, uma vez que não há dados exatos e as fontes divergem. Alega-se que, em seu apogeu, chegou a ter 700.000 rolos, os quais não correspondem, logicamente, a 700.000 obras, mas a um número bem menor. Segundo Canfora (1996, p.171), diferentes autores citam entre 400.000 e 90.000; porém, Canfora faz a distinção entre “rolo” e “obra”, pela origem do termo grego. Assim, Alexandria teria possuído 400.000 rolos, correspondendo a 90.000 obras. E foram duas as bibliotecas: a maior, localizada no Museu, e outra, posterior, quando a primeira já não era suficiente, denominada Serapeum, pois situava-se no templo do deus Serápis, no distrito sul da cidade. O Serapeum guardava cerca de 40.000 rolos.
Bibliotecários:
Na Biblioteca de Alexandria, os bibliotecários-chefes, por seu turno, eram escolhidos pelos próprios reis. Segundo uma das listas (página oficial da Biblioteca), não absolutamente a definitiva nem completa, acrescida de informações dadas por Fonseca (1992, p. 104), chefiaram a Biblioteca: Zenódoto de Éfeso, “notável gramático, responsável pela primeira edição crítica de Homero e pela Teogonia de Hesíodo”; Apolônio de Rodes; Eratóstenes de Cirene; Aristófanes de Bizâncio, que “organizou edições de Homero, Hesíodo, Píndaro,Eurípedes, Aristófanes, Anacreonte”; Apolônio; Kidas; e Aristarco de Samotrácia, discípulo de Aristófanes de Bizâncio, que “com ele colaborou na edição de autores gregos.”

A Biblioteca de Alexandria permaneceu como centro cultural do mundo até 48 a.C. Entramos agora no terreno das especulações, pois as lendas, mesmo que baseadas em fatos reais, ou parcialmente reais, ou totalmente ilusórios, despertam mais interesse do que a verdade. Há diferentes teorias sobre a destruição da biblioteca.
Destruição I
A primeira delas trata do incêndio ocasionado, voluntária ou involuntariamente, por Júlio César. Pode-se declarar que César, por amor a Cleópatra, tomou seu partido, na luta desta contra seu irmão Ptolomeu XIII, pelo reino do Egito. Pode-se também crer que, estrategicamente, Alexandria fosse tão valiosa, como porto, como situação geográfica, que se tornara indispensável conservá-la em mãos confiáveis. Seja qual for o motivo, entram em guerra, e Ptolomeu XIII e seus exércitos sitiam Júlio César e o palácio ptolomaico por mar. Para derrotar o cerco, Júlio César manda incendiar os barcos egípcios no porto. Dali, o incêndio se espalha, tendo queimado dezenas de milhares de livros da Biblioteca, ou a própria Biblioteca (dependendo da fonte narradora). O incêndio existiu, de fato; os navios egípcios se queimaram e dezenas de milhares de rolos também.
Destruição II
O segundo incêndio narrado ocorreu em 391 d.C., sendo Teodósio o imperador, Teófilo, o patriarca de Alexandria, e o cristianismo, a religião oficial do Estado. O zelo de Teófilo em defesa do cristianismo o teria levado à destruição de todas as obras pagãs, assim como teria ordenado a morte de Hipácia, em 415. Para alguns, destruiu o Serapeum e a biblioteca “filha”; enquanto a Biblioteca maior já teria desaparecido. Para outros, o Serapeum transformou-se em templo cristão. De acordo com o Grupo de Cosmología y Astronomía, da Academia de Ciencias Luventicus (2002), o historiador Orósio visitou Alexandria em 415 e confirmou o desaparecimento da Biblioteca no século V. O mesmo Grupo narra a morte trágica de Hipácia, arrastada por um carro cheio de monges e queimada viva nos restos da Biblioteca. Nada impossível, mas onde estará a verdade?

Destruição III

O terceiro incêndio, o mais pitoresco, reflete nosso preconceito ocidental. Imputado a Amr Ibn al-As, conquistador de Alexandria em 642, alude à seguinte história. O guerreiro teria perguntado a seu califa, Amr Ibn al-Khattab, o que fazer com os livros da Biblioteca, respondendo este: “Se o que estiver escrito nos livros concordar com a palavra de Deus [Alá], não são necessários; se discordar, não são desejáveis. Então, os destrua.” (AMAN, 2001
Conclusão:
Em setembro do mesmo ano, a Unesco e a União Internacional de Arquitetos, com financiamento do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas, estabeleceram um concurso internacional de arquitetura, para o projeto da nova Biblioteca. Dos mil trezentos e vinte e quatro pedidos de participação, por arquitetos de setenta e quatro países, concorreram quinhentos e vinte e quatro projetos, de cinqüenta e oito países. Venceram o concurso, em primeiro lugar: Snohetta Arkitektur Landskap, Oslo, Noruega (projeto executado). Em segundo lugar: grupo Manfredi Nicoletti, Roma, Itália. Em terceiro lugar: José Eduardo Ferolla e equipe, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
Fonte: www.unesco.org
Revista Digital de Biblioteconomia  e Ciência da Informação, Campinas, v . 1,  n. 2, p.71-91, jan./jun. 2004 – ISSN: 1678-765X.

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