quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Categorias de Aristóteles

Primeira página das Categorias, o primeiro
 dos escritos lógicos de Aristóteles.

Categorias (em gregoΚατηγοριαι, em latimCategoriae) é o texto que abre não apenas o Organon— o conjunto de textos lógicos de Aristóteles — como também o Corpus aristotelicum. Apesar de composta em apenas um livro, costuma-se dividir o conteúdo desta obra em duas partes: a primeira, que se estende do capítulo I ao IX, é chamada de Prædicamenta e considera-se genuinamente aristotélica; já a segunda parte, que se estende do capítulo X ao XV é chamada de Post-Prædicamenta e não há certeza se a autoria é de Aristóteles ou de seus discípulos (talvez Teofrasto ou Eudemo).  Leia também: Reflexões sobre os sistemas categoriais de Aristóteles
O objetivo de Aristóteles nesta obra é classificar e analisar dez tipos de predicados ou gêneros do ser (κατηγορια significa justamente predicado).
As categorias são: substância (οὐσία, substantia), quantidade (ποσόν, quantitas), qualidade (ποιόν, qualitas), relação (πρός τι, relatio), lugar (ποῦ, ubi), tempo (ποτέ, quando), estado (κεῖσθαι, situs), hábito (ἔχειν, habere), ação (ποιεῖν, actio) e paixão (πάσχειν, passio). Algumas vezes, as categorias são também chamadas de classes.
Segundo o filósofo:
As palavras sem combinação umas com as outras significam por si mesmas uma das seguintes coisas: o que (substância), o quanto (quantidade), o como (qualidade), com o que se relaciona (relação), onde está (lugar), quando (tempo), como está (estado), em que circunstância (hábito), atividade (ação) e passividade (paixâo). Dizendo de modo elementar, são exemplos de substância, homem, cavalo; de quantidade, de dois côvados de largura, ou de três côvados de largura; de qualidade, branco, gramatical; de relação, dobro, metade, maior; de lugar, no Liceu, no Mercado; de tempo, ontem, o ano passado; de estado, deitado, sentado; de hábito, calçado, armado; de ação, corta, queima; de paixão, é cortado, é queimado (Cat., IV, 1 b).
O conhecimento das categorias deve resultar em uma maior capacidade de análise e interpretação de elementos e argumentos do discurso. No entanto, trata-se de um texto de difícil interpretação, já que boa parte de seu conteúdo relaciona-se (ou pode relacionar-se) muito mais com a metafísica do que com a lógica. Prova dessa ambigüidade é a Isagoge, de Porfírio. Nesta obra, Porfírio questiona se os gêneros e as espécies (substâncias segundas) são realidades subsistentes ou apenas conceitos mentais. Foi justamente aIsagoge e este questionamento originado pelas Categorias que veio a desencadear a querela dos universais na filosofia medieval.

Bibliografia recomendada

KNEALE, W. e KNEALE, M. O desenvolvimento da lógica. Tradução de M. S. LOURENÇO. 3ª ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1991. 773p. ISBN 9723105322.
TRENDELENBURG, F. A. De Aristotelis categoriis prolusio academica. Berlim, 1833.


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