quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Filme Gattaca




Gattaca  foi  um  nome  criado  a  partir  das  iniciais  das  substâncias  que compõem  o  DNA,  as  cadeias  nitrogenadas:  Timina,  Citosina,  Guanina  e Adenina.

O  filme  Gattaca  provoca,  antes  de  tudo,  uma  reflexão  séria,  ainda  que por  meio  da  ficção,  sobre  os  princípios,  postulados  e  avanços  das  ciências genetic-biomedical  modernas.  Reflexão  essa,  que  concatena  com  as controvérsias  nascidas  da  evolução  biotecnológica  que  avançou  tão rapidamente  que  produziu  dilemas,  na  maioria  das  vezes,  árduos  de  serem solucionados  e,  algumas  vezes  ainda,  insolúveis  do ponto  de  vista  ético  e moral.

Gattaca  compele-nos  a  questionar  a  eugenia, termo  cunhado  em  1883 por  Francis  Galton  (1822-1911),  significando  “bem  nascido”.  Galton  definiu eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou  empobrecer  as  qualidades  raciais  das  futuras  gerações  seja  física  ou mentalmente.  Em  outras  palavras,  melhoramento  genético.  Nesse sentido  o filme  é  muito  eficaz  quando  trata  das  implicações  éticas  e  psicossociais  no desenvolvimento  humano  a  partir  da  manipulação  genética,  uma  vez  que  o melhoramento  genético,  sendo  possível,  poderá  levar  a  humanidade  a  um modelo preconceituoso e discriminatório de sociedade.

A eugenia, desde sua formulação, sempre foi um tema controverso, pois a  categorização  do  ser  humano,  irremediavelmente  leva  à  discriminação,  que por  sua  vez  pode  levar  às  atrocidades  como  o  infanticídio  de  crianças verificado na China e na Índia na busca do filho homem, ou a aberrações como o Holocausto na tentativa doentia, impetrada por Hitler, de “purificação” da raça ariana.  A  manipulação  genética  é  um  tema  difícil  que  requer  reflexões profundas  e  discussões  constantes  na  busca  de  soluções  que  não  obstrua  o progresso  biomédico e  ao mesmo tempo  não  impinja  à sociedade  prejuízos e dissabores  maiores  que  os  benefícios  alcançados  pelas  ciências  genéticas moderna.

O  filme  do  Neozelandês  Andrew  Niccol  mostra  a  luta do  protagonista Vincent  Freeman  (Ethan  Hawke)  que  é  fruto  de  uma  concepção  natural  (fruto de  amor)  para  vencer  o  sistema  vigente  onde  os  nascidos  dessa  forma  eram considerados inválidos. Os pais de Vincent não suportando a pressão de uma sociedade  fundamentada  na  visão  eugênico-determinista  do  positivismo genético  acabam  por  terem  outro  filho,  mas  desta  vez  nos  padrões  de excelência genética vigentes. Anton, o filho geneticamente perfeito, perde uma disputa de natação para seu irmão Vincent que a partir daí vence as barreiras psicológicas  que  o  impediam  de  superar  suas  possíveis  imperfeições genéticas. Ele assume a identidade genética de Eugene um ex-atleta que não suportando  a  cobrança  que  aquela  sociedade  lhe  impõe  por  sua  condição  de geneticamente  perfeito,  acaba  por  ficar  paraplégico  depois  de  uma  tentativa frustrada de suicídio. Por passar-se por válido, Vincent consegue tornar-se um dos  melhores  pilotos  da  Gattaca,  porém  quando  está próximo  de  realizar  seu objetivo,  um  assassinato  compromete  o  êxito  de  sua missão.  Enfim  o  enredo da  estória  tem  com  objetivo  mostra  que  o  ser  humano  “imperfeito”  é perfeitamente capaz de superar todas as dificuldades da vida biossocial.

Niccol usa a personagem Vincent para provocar um questionamento na sociedade e nos simpatizantes da eugenia, mostrando que o ser humano não se  limita  e  não  se  define  simplesmente  pelo  aparato  genético, mas  é  fruto de uma interação genetico-ambiental como afirmam Loehlin e Nichols (1976, cit in Hansenne,  2003)  que  efetuaram  um  estudo  com  800  pares  de  gêmeos, chegaram  à  conclusão  de  que  (muito  resumidamente)  40%  das  diferenças individuais  referem-se  a  influencias  genéticas  e  que  60%  se  referem  a influencias  do  ambiente.  O  homem  é,  grosso  modo,  um  construto  psico-bio-social.

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