quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Revolução Industrial

Termo utilizado por alguns historiadores para designar o conjunto dastransformações tecnológicas e industriais que, de forma radical,ocorreu entre cerca de 1730 e 1850 na Inglaterra, alastrando, nodecurso do século XIX, ao continente europeu, América do NorteeJapão. A Inglaterra, nação pioneira, passaria, tal como os seussucedâneos, de um país agrícola a uma sociedade industrializada.Esta expressão traduz também uma evolução em termos de regimede produção, com a passagem da manufatura para a maquinofatura,com todas as suas alterações e avanços técnicos.Porquê aInglaterra como primeiro país a encetar toda esta transformação? Aresposta a esta questão conduz-nos, simultaneamente, àclarificação daquilo que foi a Revolução Industrial. De facto, aquelepaís reunia um conjunto de condições e fatores que possibilitaram odesencadear deste fenómeno. Primeiramente, atravessava umaRevolução Agrícola, de que colhia  os primeiros dividendos. Possuía,por isso, uma agricultura produtora de matérias-primas estratégicas(como  e linho) e de recursos alimentares, gerando capitais (a suaacumulação criará bases para potenciais investimentos na atividadenascente) e fornecendo à indústria mão de obra, que se tornariaexcedentária nos campos devido à mecanização. Existia também,neste país, uma tradição manufatureira ligada à  que, tal como oalgodão, a juta e o cânhamo coloniais, contribuía para adiversificação da antiga "indústria" têxtil inglesa. Havia já, portanto,um certo grau de especialização e evolução técnica na mão de obranacional, mentalmente preparada e adaptada a uma evolução maisrápida do seu tecido produtivo (maior quantidade e melhor qualidade,mais rapidez).O vasto império colonial inglês, em fase de expansão(na Oceânia, na Ásiae em África), origem de avultadas somas dedinheiro, era uma fonte abastecedora de matérias-primas (algodão eminerais, por exemplo) e também um mercado potencial para asproduções britânicas. A par desta dinâmica produtiva e comercial,ativadora da circulação de produtos e capitais, afigurava-se tambémo mercado europeu como fator de incentivo à produção industrial eagrícola inglesa.Para além daqueles condicionalismos económicos,existiam outros fatores de primordial importância para o eclodir daindustrialização em Inglaterra. As inovações de carácter técnico ecientífico - de que se destacam a máquina de cardar de RichardArkwright, em 1733, a máquina a vaporde James Watt, em 1777, e otear mecânico de Cartwright, em 1785 - são um desses fatores, elespróprios gerando indústria ou possibilitando avanços noutras áreasprodutivas. As condições naturais ou geográficas concorreramtambém na conjugação das condições necessárias para o arranquedeste processo em Inglaterra: a existência de carvão (esta primeirafase industrial chamar-se-á mesmo "do carvão") e ferro emabundância no subsolo britânico e de rios (perto das minas) foi umadas bases desta mutação. Bons portos, canais e condições detransporte secundaram as capacidades naturais da Inglaterra noséculo XVIII, facilitando o escoamento e a circulação de produtos,para além das trocas internacionais ou coloniais. Alguns historiadoresreferem a Revolução Industrial inglesa como servindo de ponto departida para uma denominada revolução dos transportes, visível querna construção de uma rede de canais quer na construção contínuade milhares de quilómetros de caminhos de ferro, principalmente noséculo XIX.O poder político contribuiu, igualmente, para estearranque industrial inglês, através da existência de um regimeparlamentarista baseado na nobreza (agrária) e na burguesia(mercantil e manufatureira), ambas extremamente empreendedoras eeconomicamente ativas, potenciais investidoras e interessadas nodesenvolvimento industrial da nação. A criação de medidastendentes a um liberalismo económico dotará a Revolução Industrialde uma base política e legislativa favorável à criação de fábricas eao estabelecimento de circuitos de produção e distribuição, paraalém de um protecionismo e apoio nacionais amplos.

Paralelamente à Revolução Industrial - e a ela estreitamente ligada,como causa ou efeito - assiste-se a uma revolução demográfica,assinalada pela descida da taxa de mortalidade e até pelo aumentoda natalidade, devido às melhorias nas condições sanitárias e denível económico das populações, bem como aos avanços científicos.Tudo isto resultará num aumento da população, o que significa umacréscimo de mão de obra, necessária à industrialização crescenteda Inglaterra. Esta mão de obra fixar-se-á principalmente nas regiõesindustrializadas junto de minas de carvão e ferro, dando origem apovoações que rapidamente se transformarão em cidades oucrescerão em tamanho e importância económica. Newcastle,Manchester, Birmingham, entre outras, são exemplos conhecidosdesse fenómeno de urbanização da Grã-Bretanha devido à RevoluçãoIndustrial. Porém, todo esse crescimento criará zonas de miséria edegradação urbana, para além de um excedente de mão de obra quese traduzirá em desemprego, marginalidade e deterioração dascondições de vida nas cidades, nomeadamente nos arrabaldes.

A industrialização avançará, no século XIX, para além da Manchae doAtlântico, conquistando cada vez mais países ao novo regime deprodução e a todos os dividendos materiais e políticos que deleadvinham. A França(1830-40) será o primeiro país, depois daInglaterra, a encetar uma Revolução Industrial, seguindo-se osEUA(começam entre 1846 e 1865, mas será após a Guerra daSecessãoque conhecerão a pujante industrialização do país,aproveitando as imensas riquezas do subsolo e as potencialidadeseconómicas da nação), a Alemanha(1850), a Suécia(1870), o Japão(1880), a Rússia(1890), o Canadáe a Austrália, a partir de 1900.Estas datas referem-se a momentos em que historicamente se podecomprovar em concreto a existência de um esforço e de uma políticanacional de aproveitamento de condições propícias aodesenvolvimento industrial. A economia destes países não maisdeixará de depender da indústria e de todas as mutações que elaoriginou, atingindo todos os domínios de vida: mentalidade, cultura,quotidiano, trabalho...Industrializar significava cada vez maisdesenvolver, enriquecer, criar condições e padrões de vida elevados,em oposição aos países que mais tardiamente - ou nunca -enveredaram por uma revolução industrial. Realça-se cada vez maiso fosso entre países ricos e pobres, industrializados e nãoindustrializados. A partir da Revolução Industrial, talvez a maisprofunda transformação que jamais afetou a Humanidade desde oNeolítico, as economias nacionais passam a poder, cada vez mais,distribuir ou fornecer bens e serviços (multiplicando-osininterruptamente até hoje) a um número cada vez maior de pessoas.Fenómeno amplo, gerador de um crescimento irreversível, aRevolução Industrial alterará gradualmente as regras de mercado ede iniciativa individual, as tecnologias, e a atitude do homem peranteo trabalho e a economia. 

Revolução Industrial. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-02-28].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$revolucao-industrial>.



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