Um prédio moderno que abrigaria milhares de livros hoje cede espaço a pombos, cachorros e a uma cama montada em um banheiro. Esse é o cenário da construção da biblioteca pública Sérgio Buarque de Holanda, em Itaquera, na zona leste de São Paulo.
A obra, prevista para ser entregue no ano passado, está parada há um ano.
Em 2008, a gestão do então prefeito Gilberto Kassab (PSD) decidiu realocar a sede da biblioteca, que funcionava em uma pequena sala em cima de uma farmácia.
O lugar escolhido foi o prédio onde estava instalada a subprefeitura --um edifício histórico de Itaquera.
A ideia era reformar o edifício antigo e construir um novo no mesmo terreno. Além dos livros, o espaço teria um Telecentro e um auditório com 150 lugares.
Orçado em R$ 3,3 milhões --R$ 600 mil já foram gastos--, o projeto deu certo em partes. O imóvel histórico foi reformado com sucesso.
Já a construção do prédio novo, cujo projeto arquitetônico ganhou uma menção honrosa do Instituto de Arquitetos do Brasil, empacou porque surgiram trincas no teto durante a construção.
Após um laudo atestar o problema, a Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras) embargou a obra há um ano e desde então ela está parada.
No período, a construtora Acesso Engenharia e Comércio, primeira responsável pela construção, foi substituída.
A Siurb afirma que existe um processo administrativo e que a empresa pode ser punida. A Folha não conseguiu localizar o responsável pela construtora.
Segundo a Secretaria Municipal da Cultura, a situação é temporária. A pasta diz que está apurando as condições da obra e a construção deve ser retomada. Não há prazo para que isso aconteça, no entanto.
Por enquanto, a biblioteca inacabada está isolada por tapumes --com alguns buracos por onde entram os cães e dois funcionários da construtora que assumiu a obra.
Os homens vão ao local todos os dias. Atualmente cuidam apenas do gramado que cerca a construção.
Um deles, que não quis se identificar, montou uma cama onde funcionaria um banheiro da biblioteca.
"Estamos esperando resolverem se continuamos a obra ou não", afirmou à Folha.
Sentado na cama em um dia de sol do mês passado, ele comia uma marmita, observado atentamente pelos cães famintos.
Fonte:
Folha de S. Paulo
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