quinta-feira, 4 de julho de 2013

De que lado você samba, Super Homem?



Batman dando uma sova no Super Homem [desenho de Frank Miller

Os primeiros quadrinhos que li foram de super-heróis. Não lembro direito quais eram, isso foi há cerca de 30 anos, mas provavelmente devem ter sido protagonizados por Super Homem ou Batman (falei anteriormente de quadrinhos aqui no Yahoo! no texto “Cada um no seu quadrinho”). Logo percebi uma dualidade muito evidente entre os principais heróis da editora DC Comics – claro e escuro, luz e sombra, bondade e raiva, o herói tinha rosto limpo enquanto o anti-herói cobria o seu – e não tive dúvida sobre minha preferência. Fiquei com o Batman.
E não é que pegava mal com aquela história da cueca vermelha por cima da roupa azul ou com os imbatíveis poderes sobre-humanos. Mesmo moleque achei que o Super Homem era um sujeito raso, sem dramas e, portanto, sem maior interesse. O que é a kryptonita perto da lembrança do assassinato dos pais diante dos olhos de uma criança?
Poucos anos depois fui apresentado a outra faceta do Super Homem, mas demorei para compreendê-la. Perto do final da minissérie clássica O Cavaleiro das Trevas (1986), de Frank Miller, um velho e fora da lei Homem Morcego tem uma briga definitiva com o Homem de Aço. Enquanto trocam socos, Batman aproveita para dizer umas verdades: “Você sempre soube o que dizer... diz sim a qualquer um com distintivo ou com uma bandeira. (...) Você traiu a todos nós, Clark. Deu a eles o poder que devia ter sido nosso. (...) Poderíamos ter mudado o mundo... agora olhe só pra nós: eu me tornei um risco político e você... você, uma piada”.
Era isso, o Super Homem foi se transformando com o tempo em uma arma nada secreta do governo norte-americano (era isso que Alan Moore estava querendo dizer com o Dr. Manhattan deWatchmen, outro quadrinho clássico lançado no mesmo ano de Cavaleiro das Trevas). Como não é possível comprar kryptonita na padaria da esquina quem ousaria enfrentar os Estados Unidos e seu jornalista fantoche com super poderes?
Claro que essa entrega do Super Homem ao governo sempre foi vista com bons olhos por Hollywood, tanto nos quatro filmes estrelados por Christopher Reeve quanto em Superman – O Retorno (2006) eO Homem de Aço (2013, que estreia nos cinemas brasileiros em 12 de julho). Talvez por isso imaginei o que seria do mundo real se houvesse um Super Homem do lado dos Estados Unidos e que seus inimigos fossem os inimigos dele. Ele apoiaria e ajudaria as ditaduras militares brasileiras, argentinas, chilenas, etc. Ele teria evitado a Primavera Árabe, afinal o ditador Mubarak era aliado dos EUA. Acho também que ele não ia ficar nada contente com esse pessoal berrando contra a Copa do Mundo.
Melhor ele ficar nos cinemas, TVs e quadrinhos. Ou na música.

Fonte:
Yahoo Notícias


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