Para a arqueologia, é fundamental compreender um documento
arquivística pela evidência que este comprova. Diferente da biblioteconomia, o
foco não está na informação, mas no documento como figurante da existência de
um ato e de suas repercussões administrativas, fiscais e legais. A questão
informacional é uma consequência, mas não uma prioridade. O Arquivo Nacional
(2005) atribui diversos valores aos documentos arquivísticas que estão
conectados ou que conferem aos mesmos sua especificação como prova documental: Valor
administrativo: valor que um documento possui para a atividade administrativa
de uma entidade produtora, na medida em que informa, fundamenta ou prova seus
atos. Valor fiscal: valor atribuído a documentos ou arquivos para comprovação
de operações financeiras ou fiscais. Valor legal: valor que um documento possui
perante a lei para comprovar um fato ou constituir um direito. Valor
probatório: valor intrínseco que permite a um documento de arquivo servir de
prova legal. Os procedimentos arquivísticas aqui
apresentados serão discutidos relacionando-se as definições das atividades e
suas nuances no tratamento de documentos. Identificação: Cabe a identificação da
tipologia e das funções a que se referem os documentos. Ou seja, nesta fase é
preciso definir a que vieram os documentos. Classificação: Classificação passa a se apresentar como fator
relevante para a determinação do acesso aos itens informacionais; não
relacionada apenas ao suporte físico, mas, principalmente, ao conteúdo. Avaliação: A avaliação compreende,
segundo o Arquivo Nacional (2005), um "processo de análise de documentos
de arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a destinação, de acordo com os
valores que lhes são atribuídos". O Arquivo Nacional (1995) afirma que tal
processo objetiva a redução da massa documental, o aumento do índice de
recuperação da informação, a qualidade de conservação dos documentos
permanentes.Tabela de Temporalidade: A
tabela de temporalidade pretende a separação dos documentos de guarda
temporária daqueles permanentes; a eliminação dos documentos cuja guarda não
seja necessária; a racionalização das atividades de transferência e
recolhimento e a implementação de uma política de destinação de documentos
(ARQUIVO NACIONAL, 1995).Arranjo: Entende-se
por arranjo a "sequencia de operações intelectuais e físicas que visam à
organização dos documentos de um arquivo ou coleção, utilizando-se diferentes
métodos, de acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido"
(ARQUIVO NACIONAL, 2005). Paes (2005) afirma que as operações intelectuais
compreendem a análise dos documentos quanto a sua origem funcional, forma e
conteúdo; Descrição: O termo
descrição para o processo de representação do documento em arquivos
permanentes. É mais comum, no entanto, utilizar-se em arquivos o termo
"catálogo", como sendo um instrumento de pesquisa mais elaborado do
que um simples conjunto de representações dos documentos encontrados no fundo.
E, por se tratar de documentos com valor histórico, o catálogo transforma-se em
"vias de acesso do historiador ao documento, sendo a chave da utilização
dos arquivos como fontes primárias da história" (BELLOTTO, 1991, p. 17).Preservação: Afirma que preservação é
"a aquisição, organização e distribuição de recursos a fim de que venham a
impedir posterior deterioração ou renovar possibilidade de utilização de um
seleto grupo de materiais". Para o autor, a preocupação está com o objeto
propriamente e com a noção de evidência que este carrega, independente da fase do
ciclo vital em que se encontra o documento arquivística. Portanto, administrar
a preservação "compreende todas as políticas, procedimentos e processos
que evitam a deterioração ulterior do material de que são compostos os objetos,
prorrogam a informação que contêm e intensificam sua importância
funcional" (CONWAY, 2001p. 14). Transferência
e recolhimento: Transferência a passagem dos documentos do arquivo
corrente para o arquivo intermediário, e, como recolhimento, o deslocamento dos
documentos do arquivo intermediário para o arquivo permanente (ARQUIVO
NACIONAL, 2005; CONARQ, 2004; PAES, 2005). Tais processos ocorrem de acordo com
a frequência de uso e o valor do documento, objetivando o aproveitamento dos
espaços físicos, economizando recursos materiais e pessoais e facilitando o
acesso e a preservação dos documentos (PAES, 2005). Arquivamento: Refere a citação obedece a um método de
arquivamento, que compreende uma série de "operações que determina a
disposição dos documentos de um arquivo ou coleção, uns em relação aos outros,
e a identificação de cada unidade" (ARQUIVO NACIONAL, 2005). Esse método
de arquivamento poderá ser básico (alfabético, geográfico, numérico etc.) ou
padronizado (automático, mnemônico, etc.) (PAES, 2005). O presente artigo objetivou a
apresentação dos métodos e procedimentos realizados em arquivos, relacionando
as diferenças do tratamento de documentos arquivísticas tradicionais e
eletrônicos. Percebeu-se que, com a utilização das novas tecnologias e dos
documentos produzidos em meio eletrônico, esses processos não sofreram grandes
modificações.
Algumas preocupações, como com as atividades de avaliação e
seleção e, consequentemente, a aplicação da tabela de temporalidade, foram
antecipadas para a fase inicial do ciclo vital dos documentos arquivísticas. Questão
crucial continua sendo a manutenção da proveniência, que a atribuição
sistematizada de metadados no processo de captura e descrição de documentos
arquivísticas e a classificação se encarregam, mesmo em ambiente eletrônico, de
manter. A preservação ganha outras acepções. Preservar não significa, em
arquivos, somente deixar acessíveis para gerações futuras os documentos
arquivísticas, mas garantir que as características arquivísticas dos documentos
sejam mantidas e que o hardware e o software não venham a se tornar obstáculo à
acessibilidade, ou seja, que os documentos possam continuar sendo acessados e
visualizados, independentes dos aplicativos que os geraram.
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