CENTRO UNIVERSITÁRIO ASSUNÇÃO –
UNIFAI BIBLIOTECONOMIA
Prof. Marcelo Dias de Carvalho
Conservação, Preservação e Restauro consistem
em: ações, procedimentos e estratégias com o
objetivo de se criar condições de longevidade,
integridade e uso de documentos e objetos para
que sejam acessíveis, inclusive, para futuras
gerações.
RAZÕES PARA A CONSERVAÇÃO
Razões para a conservação sistemática de
documentos:
religiosa
artística e/ou cultural
histórica
jurídica
econômica
afetiva
CONCEITOS PRESERVAÇÃO:
“Processo de tomada de consciência do valor de um bem
cultural. Implica em observação, sensibilização, critérios de
escolha, análise e decisão.
(COSTA, 2008 apud PINHEIRO; GRANATO, 2012)
É um conjunto de medidas e estratégias de ordem
administrativa, política e operacional que contribuem
direta ou indiretamente para a preservação da integridade
dos materiais. (CASSARES, 2000)
CONCEITOS CONSERVAÇÃO
Uma disciplina hibrida dedicada a salvaguardar o patrimônio
cultural pela observação e análise da evolução, deterioração e
manutenção da cultura material; conduzindo pesquisas para
determinar a causa, o efeito e a solução dos problemas; e
direcionando intervenções preventivas e remediações para
manter a integridade e a qualidade do bem cultural.”
(MATERO, 2000 apud PINHEIRO; GRANATO, 2012)
É um conjunto de ações estabilizadoras que visam
desacelerar o processo de degradação de documentos
ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos
específicos (higienização, reparos e acondicionamento).
(CASSARES, 2000)
CONCEITOS RESTAURAÇÃO
“Procedimento extremo de conservação, quando o objeto
possui importância tal que mereça todo o investimento
necessário a uma abordagem conscienciosa. Por esta razão
após pesquisa detalhada, tanto técnica quanto histórica, do
artefato a ser restaurado.”
(PINHEIRO; GRANATO, 2012)
“É um conjunto de medidas que objetivam a estabilização ou
a reversão de danos físicos ou químicos adquiridos pelo
documento ao longo do tempo e do uso, intervindo de modo a
não comprometer sua integridade e seu caráter histórico.”
(CASSARES, 2000)
CONCEITOS CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
“Consiste em ações indiretas para retardar a deterioração e
prevenir danos através da criação das condições ideais para
a preservação do bem cultural de acordo com a
compatibilidade de seu uso social” (ECCO, 2002). A
conservação preventiva atua na busca de medidas que
previnam danos ou reduzam a ação de potenciais riscos nas
coleções, minimizando a deterioração para evitar
tratamentos invasivos de estabilização. Sua ação é mais
focada em coleções, e não em objetos individuais, e seus
métodos são baseados no conceito de que os danos e a
degradação das coleções podem ser substancialmente
reduzidos, através do monitoramento dos fatores ambientais.
Fazem parte dos cuidados de conservação preventiva,
principalmente o controle dos fatores ambientais, a
exposição, o acondicionamento, a armazenagem, o preparo e
atendimento a desastres e a reformatação quando o objetivo
é a proteção do original e proteção das coleções de outros
danos de natureza física e química.
(CASSARES, 2008)
CONSERVAÇÃO: BREVE HISTÓRICO
IDADE ANTIGA
edifícios;
embalsamamento de cadáveres;
registros escritos;
“o relato feito por Plínio sobre a limpeza realizada em Roma
na obra Ato Trágico com Apolo, de Aristides, no ano 13 a.C.”
(ELIAS, 2002 apud CALDEIRA, 2006)
IDADE MÉDIA
edifícios
livros
pinturas
esculturas
registros escritos, em geral
A Igreja Católica, por meio de suas bibliotecas e de ações
voltadas para a preservação física do seus acervos, buscava
manter seu poder social, cultural e político.
(CALDEIRA, 2006)
Ver:
O Nome da Rosa de Umberto Eco (filme ou livro)
SÉCULOS XVII e XVIII
Início de pesquisas sobre causas da degradação, pelo
pintor-restaurador Carlo Maratta, que dedicou-se a estudar
meios para evitar problemas de deterioração em pintura.
No século XVIII, período de grandes descobertas
arqueológicas (Herculano em 1738), (Pompéia em 1748) e
de inúmeras tumbas egípcias.
Crescimento de coleções de museus europeus, devido as
pilhagens;
Com Revolução Francesa, o aprimoramento das técnicas da
restauração dá origem ao desenvolvimento de técnicas de
conservação de bens culturais e, anunciando, a conservação
preventiva;
(CALDEIRA, 2006)
SÉCULO XIX - John Ruskin (1819-1900)
Inglês. Escritor, crítico de arte, poeta e desenhista.
Desenvolve as primeiras reflexões sobre conservação.
Representante da teoria romântica, conhecida também
como restauração romântica.
Ruskin defendia a intocabilidade do monumento
degradado, para que fosse mantida a autenticidade
histórica do monumento.
(CALDEIRA, 2006)
SÉCULO XIX
John Ruskin (1819-1900)
Precursor da Conservação Preventiva
Privilegiava a integridade física do bem cultural.
Defendia que por meio de alguns procedimentos de
vigilância, um velho edifício por exemplo, ao
receber todos os cuidados necessários, poderia ser
salvo de qualquer degradação.
(CALDEIRA, 2006)
SÉCULO XX
Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
Diante dos estragos por ela provocados, foram necessárias
maiores habilidades para se tratar os bens culturais.
Paralelamente, museus, bibliotecas e arquivos começaram
a alcançar um notável grau de visibilidade como
instituições públicas de ensino, pesquisa, programação
cultural e formação social, ressaltando a importância de
práticas adequadas para a salvaguarda dos bens culturais.
(CALDEIRA, 2006)
Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Gerou grande perda, destruição e dispersão de
acervos;
Após, a Segunda Guerra, a concepção de patrimônio
cultural e histórico se desloca do nacional para o
universal;
Criação de órgãos internacionais como a Onu e a
Unesco são decisivas no desenvolvimento de políticas
de salvaguarda do patrimônio;
(CALDEIRA, 2006)
Pós-Guerra
Após a Segunda Guerra Mundial a comunidade de
conservadores e restauradores era suficientemente
numerosa para estabelecer suas próprias organizações.
São criadas então, diversas associações de classe
internacionais, nacionais, regionais, municipais, de
segmentos específicos, tais como:
- International Institute for Conservation of Historic
Objects and Works of Art (IIC), em 1950.
- United Kingdom Institute for Conservation(UKIC), em
1953.
(CALDEIRA, 2006)
A partir da segunda metade do século
Organizações de conservação e restauro estabeleceram
diversos elementos regulamentadores da área de
conservação/restauro e protetores dos bens culturais,
gerando as conhecidas “Cartas de Restauro”, que
contribuíram inclusive para a consolidação científica da
Conservação Preventiva;
(CALDEIRA, 2006)
Cartas que contribuíram para o desenvolvimento da
Conservação Preventiva:
Carta de Atenas (1931)
Elaborada durante o I Congresso Internacional de
Arquitetos e Técnicos em Monumentos (1931);
Tema: a longevidade dos monumentos históricos,
considerados como suscetíveis à ação ameaçadora dos
agentes atmosféricos;
Recomendações: monitoramento constante das condições
físicas dessas construções, por meio da adoção de diretrizes
de caráter interdisciplinar, propondo a interação entre
conservadores de monumentos, arquitetos, físicos, químicos
– e a ampla divulgação dessas diretrizes e a importância
dos educadores na sensibilização de se difundir o respeito
aos monumentos;
(CALDEIRA, 2006)
Carta de Veneza (1964)
Elaborada no II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos
de Monumentos Históricos (1964);
Principal contribuição: o progresso da conservação preventiva ao
incluí-la, ainda que indiretamente, nas diretrizes políticas do
patrimônio cultural, reafirmando a relevância dos bens culturais
e introduzindo a noção de conservação e reafirma o caráter
científico da conservação preventiva, ao definir a conservação
como sendo disciplina responsável pela salvaguarda do
patrimônio monumental por meio da manutenção permanente e
da associação das técnicas proveniente de várias ciências;
Artigo 16: atividades práticas desenvolvidas pela conservação
serão sempre documentadas em relatórios analíticos e críticos,
ilustrados com desenhos e fotografias e colocados à disposição dos
pesquisadores nos órgãos públicos.
(CALDEIRA, 2006)
Carta Italiana de Restauro (1987)
Apresentada no Congresso Internacional sobre Bens
Culturais e Ambientais.
Apresenta definições importantes para a conservação
preventiva: prevenção, salvaguarda, manutenção e
restauração;
A carta ressalta que a conservação e a restauração podem
não acontecer unidas e simultaneamente, mas são
complementares e, um programa de restauração não pode
prescindir de um adequado programa de salvaguarda,
manutenção e prevenção.
(CALDEIRA, 2006)
Anexo E: oferece abordagens preventivas envolvendo livros, tais
como:
Apresenta orientações para que, em casos de restauração, sejam
evitadas todas as operações que possam alterar o aspecto e o valor
global dos exemplares.
Aconselha que esses materiais sejam conservados o melhor
possível, de modo que os seus elementos constitutivos sejam
resguardados de danos para que a sua a funcionalidade esteja
garantida.
Indica que nas bibliotecas é oportuno, antes de tudo, realizar
verificações periódicas sobre o estado de conservação dos acervos,
efetuando nesses locais controles sistemáticos e prolongados dos
valores termo-higrométricos ambientais com a finalidade de
verificar se esses valores são mantidos, ao longo do ano, dentro
dos limites ideais (temperatura, 16º à 20º e umidade relativa 40%
à 65%).
Divulga que os livros publicados do século XIX em
diante são de pior qualidade que os precedentes, advindo
daí a sua maior capacidade de deterioração;
Recomenda aos bibliotecários e conservadores em geral,
para que avaliem a urgência e a utilidade da
restauração dos acervos, considerando, constante e
atentamente a prevenção e manutenção dos mesmos.
(CALDEIRA, 2006)
ICOMOS/Brasil – Conselho Internacional de Monumentos e Sítios
http://www.icomos.org.br//002_001.html
SÉCULO XX - Brasil
Compromisso de Brasília (1970)
Primeiro Encontro dos Governadores de Estado, Secretários Estaduais da Área Cultural, Prefeitos de Municípios Interessados,
Presidentes e Representantes de Instituições Culturais,
promovido pelo MEC, e propõe:
defesa do patrimônio histórico e artístico nacional.
Destaca que o acervo arquivístico e o acervo bibliográfico merecem
cuidados especiais segundo as suas peculiaridades e conforme as
regulamentações técnicas dos órgãos federais especializados na
utilização e na proteção e desse patrimônio.
Orienta: a criação de cursos superiores – segundo orientações do
Departamento Histórico Artístico Nacional (DPHAN) e do Arquivo
Nacional – para a formação de arquitetos restauradores,
conservadores de pintura, escultura e documentos,
arquivologistas e museólogos.
(CALDEIRA, 2006)
Compromisso de Salvador (1971)
Firmado no “II Encontro de Governadores para
Preservação do Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico e Natural do Brasil”, e subsidiado pelo MEC e
Iphan.
Ratifica o Compromisso de Brasília, ressaltando a
necessidade de verbas especificamente direcionadas às
atividades de manutenção física do patrimônio nacional,
especialmente os protegidos por lei.
(CALDEIRA, 2006)
Atualidade
A Conservação Preventiva tem se consolidado cada vez
mais em âmbito técnico e científico, com pesquisas sendo
desenvolvidas em universidades e centros de pesquisa;
Cada vez mais em unidades de informações, inclusive em
empresas privadas, a Conservação Preventiva tem sido
prevista como um importante item a ser previsto e
desenvolvido em planos de gestão e orçamento;
Órgãos e associações como a Unesco International Council
of Museums-ICOM tem promovido pesquisas, técnicas,
métodos, linhas de financiamento, publicações, formação e
capacitação de profissionais especializados na área;
Atualidade
A Conservação Preventiva tem se consolidado cada vez
mais em âmbito técnico e científico, com pesquisas sendo
desenvolvidas em universidades e centros de pesquisa;
Cada vez mais em unidades de informações, inclusive em
empresas privadas, a Conservação Preventiva tem sido
prevista como um importante item a ser previsto e
desenvolvido em planos de gestão e orçamento;
Órgãos e associações como a Unesco International Council
of Museums-ICOM tem promovido pesquisas, técnicas,
métodos, linhas de financiamento, publicações, formação e
capacitação de profissionais especializados na área;
BIBLIOGRAFIA
CALDEIRA, Cleide Cristina. Conservação Preventiva: histórico. R.
CPC, São Paulo, v.1, n.1, p. 91-102, nov. 2005/ abr. 2006.
Disponível em:
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/cpc/n1/a06n1.pdf
CASSARES, Norma Cianflone. Como fazer conservação
preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: Arquivo do
Estado/Imprensa Oficial, 2000. Disponível em:
http://www.arqsp.org.br/arquivos/oficinas_colecao_como_fazer/cf5.pdf
CASSARES, Norma Cianflone. Conservação de acervos bibliográficos.
In: CASSARES, Norma Cianfone; TANAKA, Ana Paula (Org.).
Preservação de acervos bibliográficos: homenagem a Guita
Mindlin. São Paulo: ABER/Imprensa Oficial, 2008. p. 35-45.
ICOMOS/BRASIL. Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de
Monumentos e Sítios. Disponível em:
http://www.icomos.org.br//006_000.html
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro; GRANATO, Marcus. Para pensar a
interdisciplinaridade na preservação: algumas questões preliminares.
In: SILVA, Rubens Ribeiro Gonçalves da. Preservação documental:
uma mensagem para o futuro. Salvador: Edufba, 2012, p. 23-40.
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