sexta-feira, 30 de março de 2012

Literatura romana de significação histórico-pedagógica

 É escassa e de fraco conteúdo doutrinal a literatura pedagógica romana, cujo génio, essencialmente prático e utilitário, se mostrou incomparavelmente mais criador na esfera do Direito e da Política do que na da especulação teórica.

Os primeiros escritos de intenção e significado pedagógico surgiram nos meados do século II a.C., quando a influência do helenismo se fez sentir ostensivamente na estruturação das instituições docentes e no teor e prática do ensino. Como era natural em povo de tão vincado e arreigado carácter, o novo rumo da educação, que não estava na diretriz educativa tradicional, suscitou atitudes diversas, desde o repúdio à assimilação, sem, aliás, chegar a incorporar e a efetivar o sentido espiritual da paideia.

Como escreveu Willmann, «os romanos aceitaram dos gregos a expressa diferenciação entre adquisição formativa e preparação profissional, sendo as expressões Artes ingenuae, libe rales, Studia ingenua, liberalia, simples tradução das correspondentes designações gregas; somente a expressão bonae artes, as quais compreendem os estudos e os exercícios do vir bonus, o patriota ou homem honrado, contêm algo de especificamente romano».

Foi este ideal do vir bonus que nutriu e caracteriza o pensamento educativo romano, e se acusa na obra de Catão-o-Velho, Varrão, Cícero, Séneca e Quintiliano, os quais, sem embargo de não terem escrito obras pedagógicas no sentido próprio do termo, são geralmente consideradas as figuras mais representativas das atitudes de significado histórico-pedagógico.

Pórcio Catão Maior (234-149 a.C.), dito Catão-o-Velho para o distinguir do homónimo Catão de titica, foi uma personalidade política de relevo, a cuja mente e decisão não foram indiferentes os problemas do seu tempo. Detestava a cultura grega, por a considerar corruptora do carácter romano, mas entendia que devia ser conhecida para mais eficazmente se reagir contra ela. Daí a atitude, que, politicamente, o levou a pedir a expulsão de Roma, em 155 a.C., da embaixada dos filósofos gregos, pelo entusiasmo que despertaram na juventude, e, literariamente, a redigir alguns escritos de intenção educativa e instrutiva. leia o artigo competo

Fonte:

Joaquim de Carvalho
filósofo e historiador

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