quinta-feira, 19 de abril de 2012

Tucídides Historiador e general grego

460 a.C., Atenas (Grécia)-400 a.C., Atenas (Grécia)

Como um dos dez generais de Atenas, Tucídides foi mandado, em 424 a.C., à costa da Trácia para agir contra Brasidas (general espartano que lutou na Guerra do Peloponeso). Tendo falhado na missão, foi condenado a trinta anos de exílio. Provavelmente, os atenienses o chamaram de volta em 404 a.C.

Esse general-historiador escreveu uma história da Guerra do Peloponeso, uma das mais importantes obras históricas de todos os tempos, notável por seu estilo conciso, direto e nítido, por sua imparcialidade e seu método científico, pelo senso que o autor demonstra de percepção da conexão causal entre os eventos, e por seu raciocínio penetrante a respeito de questões políticas.

Tucídides refere-se ao seu próprio trabalho como "um patrimônio sempre útil e não uma composição para ser ouvida apenas no momento da competição por algum prêmio". Quintiliano (pedagogo e professor de retórica romano) diz que a História da Guerra do Peloponeso é "densa em sua contextura, enérgica, sempre ansiosa para ir adiante".

A guerra: uma mestra severa

Em seu livro, Tucídides apresenta os argumentos a favor e contra uma determinada atitude, sob a forma de discursos representando a essência das palavras pronunciadas pelos protagonistas dos eventos. E esse talvez seja o maior mérito da obra, pois ela estabelece um método científico de trabalho para o historiador: o da busca constante da imparcialidade.

Segundo alguns pesquisadores, essa habilidade, de dar voz a todos os atores de um determinado evento histórico, teria sido adquirida durante o exílio, quando Tucídides teve a oportunidade de apreciar os pontos de vista de cada um dos antagonistas que lutaram na guerra.

O livro traz uma ampla introdução, na qual trata das origens da raça helênica. A História, contudo, permaneceu incompleta, detendo-se abruptamente nos eventos do ano 411 a.C.

Entre as passagens mais notáveis, está a Oração Fúnebre, de Péricles, em homenagem aos atenienses mortos no primeiro ano da guerra, onde aparece uma das mais belas exortações à coragem: "a liberdade é a felicidade - e a coragem é a liberdade". Há também outros trechos memoráveis: o relato da peste em Atenas, o Diálogo Mélio e a expedição à Sicília.

Para Tucídides, "a guerra é uma severa mestra. Privando a maioria das pessoas da capacidade de satisfazer com facilidade suas necessidades diárias, faz seus espíritos descerem ao nível das circunstâncias reais".

De acordo com a tradição, Tucídides foi assassinado.

Tucídides contraiu a praga que assolou Atenas durante a Guerra do Peloponeso (-430/-426), porém conseguiu sobreviver; é provável que tenha seguido carreira política, pois era um dos estrátegos atenienses em -424. Não conseguiu impedir que os espartanos tomassem Anfípolis, cidade estratégica situada a noroeste da Calcídica, e em consequência disso foi exilado. Embora o exílio tenha sido revogado em -404, é possível que ele não tenha voltado a se instalar em Atenas.
Durante o exílio, Tucídides reuniu mais informações para sua História, que havia começado a escrever em -431, no início da Guerra. É provável que tenha morrido por volta de -400, mas as informações disponíveis, além de poucas, não são muito confiáveis.
Obras sobreviventes
História da Guerra do Peloponeso (-431/-411 ?), a única obra de Tucídides, chegou até nós praticamente na íntegra. Embora trate apenas dos acontecimentos, causas e efeitos da Guerra do Peloponeso (Atenas versus Esparta, basicamente), é um dos mais importantes livros de História jamais escritos.
Infelizmente, o texto está incompleto: a obra termina abruptamente no meio de um parágrafo do Livro VIII, que trata dos acontecimentos do ano -411. A Guerra só iria acabar, no entanto, sete anos mais tarde (-404).
Características da obra
O que ele [Tucídides] procura é o sentido dos acontecimentos e o segredo de seu encadeamento.
O rigor técnico transparece em cada parágrafo da História de Tucídides. Ao contrário de seus predecessores, ele não se preocupou apenas em descrever uma sucessão de acontecimentos curiosos ou dramáticos. Além da sóbria apresentação dos fatos, sempre descreveu de forma crítica as circunstâncias envolvidas, à procura das causas mais profundas de tudo. Para ele, as coisas ocorriam não por força do destino, mas movidas pelas paixões e interesses dos homens; não havia lugar para os deuses em sua obra...
Os acontecimentos são narrados de forma concisa e desapaixonada, em ordem rigorosamente cronológica, com o cuidado de destacar os eventos que ele considerava particularmente importantes. Embora o aspecto militar recebesse grande destaque, as negociações políticas, alianças e outros fatores influentes são meticulosamente descritos. Em sua intenção de analisar e criticar de forma isenta, reconstituiu da melhor forma possível até mesmo os discursos proferidos pelos envolvidos.
Tucídides escreveu em prosa e no dialeto ático arcaico. Do ponto de vista literário, é possível entrever influências sofísticas em seu texto, assim como alguns recursos estilísticos comuns entre os oradores áticos da época.

Grecia Antiga/Monografia nº 0366. Criação: 28/01/2001.

Fonte:

Educação/UOL

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