quarta-feira, 10 de setembro de 2014

GESTÃO DE CONHECIMENTO – TEXTO 1


TEIXEIRA FILHO, Jayme. Gestão de Conhecimento: Inteligência competitiva no desenvolvimento de negócios. Rio de Janeiro: Ed. Senac Rio, 2000. 191 p

Por que Gestão do Conhecimento agora?
Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual, Inteligência Competitiva e vários outros novos termos têm surgido para tentar caracterizar uma nova área de interesse na administração das organizações.
Durante as primeiras décadas da Informática a ênfase foi em gerenciar dados. A tecnologia, as ferramentas, os métodos, os sistemas e as abordagens sempre enfatizaram os dados. Até hoje, ao longo da história tem sido assim: estruturas de dados, arquiteturas de dados, bancos de dados, data warehouses, e assim por diante. Mas o que nos falta?
Para transformar dados em informações precisamos de ferramentas. Mas para transformar informação em conhecimento precisamos de tempo. Conhecimento não é nem dado nem informação, mas está relacionado a ambos. Podemos pensar em informação como sendo dado que faz sentido, que faz diferença. Mas o conhecimento seria então um conjunto formado por experiências, valores, informação de contexto e - por que não? - criatividade aplicada é avaliação de novas experiências e informações. Esta abordagem, útil para aplicações ao trabalho e às organizações, identifica o conhecimento como algo inseparável das pessoas. Nas organizações o conhecimento se encontra não apenas nos documentos, bases de dados e sistemas de informação, mas também nos processos de negócio, nas práticas dos grupos e na experiência acumulada pelas pessoas.
As pessoas derivam conhecimento das informações de diversas formas: por comparação, pela experimentação, por conexão com outros conhecimentos e através das outras pessoas, por exemplo. As atividades de criação de conhecimento têm lugar com e entre os seres humanos. O conhecimento é transmitido por pessoas e para pessoas, através de meios estruturados como vídeos, livros, documentos, páginas web, e etc. Além disso, as pessoas obtêm conhecimento daqueles que já o têm, através de aprendizado interpessoal e compartilhamento de experiências e idéias.
As tecnologias de Internet, Intranet e Extranet têm apresentado propostas interessantes para a comunicação entre comunidades de prática afins. Novas formas de registro e transmissão de conhecimento têm surgido e sido aplicadas às organizações.
O interesse das organizações no conhecimento se deve, entre outros fatores, pelo conhecimento estar muito associado à ação. O conhecimento é avaliado pelas decisões e ações que desencadeia. Um melhor conhecimento pode levar a melhores decisões em marketing, vendas, produção, distribuição, e assim por diante. Assim as empresas passaram a se preocupar com o seu "capital intelectual", com sua "inteligência competitiva", enfim, com a gestão do seu conhecimento.
As pessoas têm usado conhecimento nas organizações há muito tempo, pelo menos implicitamente. O conhecimento da empresa, da competição, dos processos, do ramo de negócio, enfim, tem estado por trás de milhões de decisões estratégicas e operacionais, ao longo dos anos. No entanto, o reconhecimento de que o conhecimento é um recurso que precisa ser gerenciado é relativamente recente. A Gestão do Conhecimento, vista como uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização, é uma área nova na confluência entre Tecnologia da Informação e Administração, um novo campo entre a estratégia, a cultura e os sistemas de informação de uma organização. Com o enfoque da Gestão do Conhecimento começa-se a rever a empresa, suas estratégias, sua estrutura e sua cultura.
Isso se dá num ambiente altamente competitivo, onde a rápida globalização da economia e as melhorias nos transportes e comunicações dão aos consumidores uma gama de opções sem precedentes. Pressões sobre os preços não deixam margem para ineficiência. O ciclo de desenvolvimento de novos produtos é cada vez mais curto. As empresas precisam de qualidade, valor agregado, serviço, inovação, flexibilidade, agilidade e velocidade de forma cada vez mais crítica. As empresas tendem a se diferenciar pelo que elas sabem e pela forma como conseguem usar esse conhecimento. Numa economia global, o conhecimento se torna a maior vantagem competitiva de uma organização.
Conceitos e Perspectivas em Gestão do Conhecimento
Hoje em dia, está sendo chamada de “Gestão do Conhecimento” uma "coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização", seguindo uma linha de conceito de Tom Davenport.
O tema "Gestão do Conhecimento" pode ser encontrado sob vários títulos, mais ou menos equivalentes, hoje em dia: "Capital Intelectual", "Inteligência Competitiva", entre outros. Este assunto tem sido muito discutido, em diversas publicações, revistas e livros. Já há algumas traduções para português, bem como livros de autores brasileiros, sobre o assunto. Também já existe uma grande quantidade de sites na Internet dedicados ao assunto.
O interesse pelo Conhecimento nas empresas (ou capital intelectual) começou com a constatação de que o valor de mercado de diversas empresas (Lotus, Microsoft, Apple, Amazon.com, Yahoo!, Nokia, Skandia, Nike, Benneton, America On Line, entre diversas outras) é muito maior do que o valor do seu patrimônio físico (instalações, equipamentos, etc.). O valor total das ações dessas empresas incorpora "intangíveis" tais como: o valor das marcas, as patentes, a capacidade de inovação, o talento dos funcionários, as suas relações com seus clientes, entre outros fatores. As empresas se voltaram para a Gestão do Conhecimento no intuito de entender, organizar, controlar e lucrar com esse valor intangível (o conhecimento).
Do ponto de vista acadêmico, talvez se possa dizer que a Gestão do Conhecimento é uma "zona cinza" no cruzamento entre Teoria da Organização, Estratégia de Negócios, Tecnologia da Informação e Cultura Administrativa. Hoje se podem encontrar pessoas estudando isso tanto em RH quanto em Informática.
Há um conceito central - que a maioria dos outros autores usa - do livro de Nonaka e Takeushi, "Criação do Conhecimento na Empresa", que é o do conhecimento tácito versus o conhecimento explícito. O conhecimento tácito é aquele que as pessoas possuem mas não está descrito em nenhum lugar, residindo apenas na cabeça das pessoas. O conhecimento explícito é aquele que está registrado de alguma forma, e assim disponível para as demais pessoas. Muito do que é feito então em Gestão do Conhecimento é em cima dessas sucessivas passagens de conhecimento tácito para explícito, e vice-versa, na chamada "espiral do conhecimento". Muito do que a tecnologia de Informática e a área de RH têm feito nessa linha é facilitar e organizar esses processos de conversão de conhecimento.
Na empresa, a Gestão do Conhecimento pode ser vista como um grande processo (em analogia com o processo da Qualidade Total). Nesse sentido, as empresas estão começando a se preocupar com o conhecimento tácito e sua explicitação em todos os seus processos de negócio. As estimativas dos especialistas internacionais são de que, nos próximos 2 a 5 anos, as empresas irão gastar mais com Gestão do Conhecimento (consultoria, serviços, softwares, produtos, etc.) do que gastaram com Qualidade ou com Reengenharia. Isso significa que se está diante de um mercado enorme.
Com o crescimento do interesse na área, começam a se consolidar experiências, grupos de estudo, comunidades de interesse e projetos em empresas. Mas talvez se possa afirmar que no Brasil a área ainda é incipiente e não atingiu "massa critica". Mesmo na Europa e nos EUA ainda são poucas as experiências em larga escala nas empresas.
Por outro lado, todas as grandes consultorias já incorporaram a Gestão do Conhecimento (ou Knowledge Management - KM) em seu discurso de venda. Muitas já têm áreas especificas de projeto sobre isso. Há muitas empresas desenvolvendo software para KM (em Intranet, para Internet, de documentação eletrônica, de gestão de processos, etc.). Poderíamos listar como algumas das principais empresas nessa área: Andersen Consulting, KPMG, Price Waterhouse Coopers, PC Docs, Delphi Group, IDS Scheer, CoCreate, Pensare, Inxight, TeamWare, SAS, Livelink, Nextera, TeamToolz, NetMind, e Lotus, entre várias outras.
Por ser uma área relativamente nova, a maioria das empresas agora é que começa a se interessar pelo assunto. Já há algumas iniciativas de projetos-pilotos. Como as principais preocupações neste momento nas organizações são quanto a estabilização do mercado, projetos de ERP (Enterprise Resource Planning), problemas com o bug do ano 2000, projetos para Internet, etc., a maioria das empresas ainda não começou projetos na área de Gestão do Conhecimento. Exemplos de projetos em KM e Inteligência Competitiva neste momento seriam:
    - Memória Organizacional: rever os processos organizacionais, mídias usadas, responsabilidades e tecnologias empregadas, visando registrar de forma acessível o acervo de conhecimentos da organização.
    - Gestão de Processos: repensar os processos da empresa a luz dos conceitos e ferramentas de Gestão do Conhecimento.
    - Comunicação Intraempresarial: dotar a empresa de infra-estrutura, adotar tecnologia adequada e intervir na cultura organizacional, visando otimizar a comunicação de conhecimentos entre as pessoas.
    - E-Business: transformar os processos de negócio visando aproveitar as oportunidades de inovação oferecidas pela "desintermediação" e o contato mais direto com clientes e fornecedores.
    - Inteligência Competitiva: criar processos e ferramentas que permitam a empresa monitorar melhor seu mercado e a concorrência, com informações de apoio a decisão nos negócios.
    - Formação do Trabalhador do Conhecimento: rever o perfil profissional das pessoas na empresa, a luz das transformações induzidas nos processos de negócio pela Gestão do Conhecimento.
De forma fragmentada, isolada, talvez ainda tímida, várias empresas, fornecedores de software e consultorias estão tentando agregar alguns desses aspectos aos projetos já em andamento em outras áreas.
Há várias dimensões do tema Gestão do Conhecimento, que podem ter diferentes abordagens, todas válidas e complementares. Na dimensão estratégica, a ênfase que começa a se dar atualmente ao conhecimento na empresa representa uma profunda transformação em relação ao "paradigma industrial", que vinha consagrado desde Taylor, Fayol e Ford. Numa nova economia, muito mais baseada em valores intangíveis, será preciso uma empresa totalmente diferente. Assim sendo, cabe questionar se estarão as estruturas organizacionais atuais preparadas para a Gestão do Conhecimento. Na nova economia, como deveria ser um sistema adequado de remuneração, por exemplo? O que muda nas relações entre fornecedores, competidores e clientes: competição ou cooperação? E, ainda, como pensar a estratégia corporativa a luz da Gestão do Conhecimento?
Na dimensão do trabalho, a passagem do trabalho manual para o intelectual, num momento em que a maioria das tarefas repetitivas já é assumida por máquinas, indica que a relação da pessoa com o trabalho muda, como muda o que ela precisa saber para trabalhar. O mercado de trabalho passa a demandar um novo perfil de profissional, onde iniciativa, discernimento e aprendizado são palavras-chave. Cabe a questão: qual o perfil profissional do trabalhador do conhecimento? E é possível uma reeducação para o trabalho ou só para uma nova geração?
Por outro lado, na dimensão tecnológica, percebe-se que a Tecnologia da Informação e a das Telecomunicações são os principais habilitadores dessa nova economia. Novos meios de comunicação e armazenamento de informações suportam a ênfase na memória organizacional e na comunicação entre as pessoas na empresa. Internet, intranets, correio eletrônico, telefonia móvel, fibra ótica, DVDs, palmtops e diversas outras tecnologias estão mudando a forma de se fazer negócios. Aqui algumas questões de interesse para a empresa são: qual o impacto da tecnologia Internet para a Gestão do Conhecimento? Como as comunidades virtuais afetam a estratégia das empresas? Quem compete com quem na nova economia? E quais as tecnologias mais importantes neste novo cenário?
Mas é preciso também não esquecer a dimensão social. A Tecnologia está se sobrepondo as instituições sociais, se tornando autojustificada, autoperpetuada e onipresente. Aprendemos a como inventar coisas, mas deixamos de nos preocupar com o porquê. A Tecnologia está redefinindo o que entendemos por arte, privacidade, inteligência, etc. Vivemos num tecnopólio onde a individualidade é minada e a liberdade é pervertida. A Gestão do Conhecimento é mais uma inovação, num cenário de profundas mudanças. Donde o cidadão comum começa a se perguntar quem serão os novos ganhadores e os novos perdedores neste Tecnopólio. Como manter uma posição crítica e independente neste cenário? Não estaremos diante de um perigo real da "overdose" de Informação? Por outro lado, quem serão os agentes culturais principais neste novo ambiente?
Por fim, é preciso nunca esquecer que a distribuição de conhecimento no mundo acompanha a distribuição de riquezas. Os locais onde as pessoas estão mais bem preparadas para a nova economia são os locais onde hoje já há maior concentração de riqueza. As enormes discrepâncias nos níveis de educação no mundo - entre países diferentes, regiões diferentes e classes sociais diferentes - formam um mapa das oportunidades e ameaças da "era do conhecimento'. Politicamente, cabe a questão de se a ênfase no conhecimento representará libertação ou uma nova forma de opressão. Será viável uma "política social do conhecimento”? Como lidar com exclusão na "era do conhecimento"? Qual o papel da Educação neste cenário?
Acima de tudo, o importante neste momento é formar uma visão crítica em relação às diversas perspectivas da Gestão do Conhecimento.
Tecnologia da Informação para Gestão do Conhecimento
Uma pesquisa sobre a implantação da Gestão do Conhecimento em empresas européias, publicada pela revista Information Strategy Online (www.info-strategy.com), ligada à conceituada The Economist, traz algumas informações sobre o uso de Tecnologia da Informação para a Gestão do Conhecimento.
As áreas críticas de conhecimento apontadas pelos executivos europeus são: preferências e necessidades dos clientes, desempenho da organização, concorrência, aplicações de tecnologia, uso da informação existente, setores e nichos de mercado e regulamentações externas.
Ainda segundo a pesquisa da Information Strategy Online, os aspectos principais da Gestão do Conhecimento, na visão dos executivos europeus entrevistados, são: compartilhar o conhecimento internamente, atualizar o conhecimento, processar e aplicar o conhecimento para algum benefício organizacional, encontrar o conhecimento internamente, adquirir conhecimento externamente, reutilizar conhecimento, criar novos conhecimentos e compartilhar o conhecimento com a comunidade externa à empresa.
A pesquisa citada mostra que na maioria das organizações a responsabilidade pela Gestão do Conhecimento não está centralizada na alta direção mas sim disseminada entre a média gerência e muitas vezes é vista como parte do trabalho de cada colaborador. E para 83 % do universo pesquisado, a Gestão do Conhecimento não é uma pura e simples extensão da Tecnologia da Informação.
O desafio para a área de TI passa a ser migrar de uma posição de suporte a processos para o suporte a competências. É preciso sair do patamar do processamento de transações, da integração da logística, do workflow e do comércio eletrônico e agregar um perfil de construção de formas de comunicação, de conversação e aprendizado on the job, de comunidades de trabalho, e de estruturação e acesso às idéias e experiências.
Nesse sentido, a organização precisa de três itens fundamentais:
    (1) uma nova arquitetura de informação que inclua novas linguagens, categorias e metáforas para identificar e alavancar perfis e competências;
    (2) uma nova arquitetura tecnológica que seja mais social, aberta, flexível, que respeite e atenda às necessidades individuais e que dê poder aos usuários;
    (3) uma nova arquitetura de aplicações orientada mais à solução de problemas e à representação do conhecimento, do que somente voltada a transações e informações.
O papel a ser desempenhado pela TI é estratégico: ajudar o desenvolvimento do conhecimento coletivo, e do aprendizado contínuo, tornando mais fácil para as pessoas na organização compartilharem problemas, perspectivas, idéias e soluções. Para atingir esse objetivo, os profissionais de TI precisarão atentar para três aspectos essenciais:
    - As estratégias para desenvolvimento do conhecimento devem ser focadas na criação de mecanismos que permitam aos profissionais manterem contato, e não na captura e disseminação centralizada de informação. A TI deve ser usada para facilitar a troca de experiências e o trabalho em conjunto, e também para mapear e acompanhar a participação de cada um;
    - Os esforços e iniciativas de TI para a formação de comunidades de trabalho na organização devem ser acompanhados por indicadores objetivos amplamente divulgados. O desenvolvimento de sistemas de suporte ao conhecimento deve estar claramente vinculado aos resultados globais das áreas de negócio;
    - As ferramentas tecnológicas de suporte ao conhecimento devem ser flexíveis e fáceis de usar, dando a maior autonomia possível aos membros das comunidades de trabalho, com um mínimo de interferência da área de TI.
As tecnologias principais em uso para a Gestão do Conhecimento são: videoconferência, groupware, painéis eletrônicos e grupos de discussão, bases de dados on-line, CD-ROMs, Internet, intranets, sistemas especialistas, agentes de pesquisa inteligentes, data warehouse / data mining e gerenciamento eletrônico de documentos.
No entanto, a Gestão do Conhecimento é uma questão essencialmente de pessoas e processos. Muitas organizações têm se frustrado com seus investimentos em comunicações e redes, geralmente voltados para groupware, correio eletrônico, videoconferência, etc. Fora da perspectiva da Gestão do Conhecimento, por exemplo, a adoção de groupware tem fracassado em favorecer o trabalho realmente de equipe, gerando apenas intermináveis listas de discussão pouco úteis para a organização. Da mesma forma, a proliferação de intranets pode gerar, principalmente, inúmeros pequenos websites nas instituições, que adicionarão pouco valor aos negócios.

As tecnologias úteis para a Gestão do Conhecimento são aquelas que propiciam a integração das pessoas, que facilitam a superação das fronteiras entre unidades de negócio, que ajudam a prevenir a fragmentação das informações e permitem criar redes globais para o compartilhamento do conhecimento. As ferramentas para isso - para modelagem e análise de cenários, por exemplo - devem ser flexíveis e fáceis de usar.
Passos para a Gestão do Conhecimento
A tecnologia Internet/Intranet está tornando muito mais barata a implantação de sistemas de suporte ao conhecimento. O processo de Gestão do Conhecimento pode ter como ferramenta de suporte um sistema de informações baseado em tecnologia Web, formando o núcleo de uma Intranet para a organização. A seguir são sugeridas etapas para a definição da arquitetura de informações desse sistema, e para a estruturação das equipes e recursos necessários para sua implementação.
    Identificação de temas estratégicos;
    Toda empresa tem temas preferenciais a serem considerados. O processo de Gestão do Conhecimento deve focar originariamente nesses temas, em geral ligados ao modelo de negócio e ao mercado da empresa.
    Mapeamento de fontes de informação gerais e específicas;
    É fundamental uma identificação adequada de fontes de informação seguras e com qualidade. O conteúdo sobre o qual o processo agirá se baseia nessas fontes.
    Definição de indicadores do processo de Gestão do Conhecimento;
    Como qualquer outro processo, este também precisa ser controlado. E o que não se mede, não tem como ser gerenciado.
    Modelagem do conteúdo;
    Este é o ponto de definição do conteúdo detalhado, indicando quais os grupos de informação de interesse, como se relacionam, quais os domínios de validação, critérios de atualização, etc..
    Identificação de gestores e responsáveis pelas informações;
    Cada parte do conteúdo mapeado e cada parte do processo de Gestão do Conhecimento têm que ter seu responsável devidamente identificado, com as atribuições claramente definidas.
    Definição do esquema de segurança e controle de acesso;
    Outro ponto crucial, muitas vezes negligenciado. A segurança física e lógica das informações é fundamental.
    Identificação de ciclos de atualização;
    Cada fonte e cada parte do conteúdo têm seus ciclos de atualização, segundo a própria natureza do tema, que precisam ser especificados.
    Definição de séries históricas e informações agregadas de suporte à decisão;
    Em Gestão do Conhecimento, muitas vezes o valor não vem apenas de uma "fotografia" do momento, mas de todo um "filme" que conta a história e a evolução dos fatos. A perspectiva histórica e as agregações são importantes para o suporte à decisão nos diversos níveis.
    Definição dos componentes da infra-estrutura tecnológica;
    Esse ponto é importante por causa das questões de sempre: custos, evolução da plataforma, soluções disponíveis, fornecedores existentes, recursos consumidos, planejamento de capacidade, compatibilidade entre sistemas e componentes, etc.. No entanto, um erro muito comum é começar o projeto de implantação de Gestão do Conhecimento pela definição da infra-estrutura tecnológica. Isso só deve ser feito depois que houver clareza do escopo e da natureza da arquitetura de informações.
    Identificação de condicionantes e restrições;
    Em situações reais, sempre há restrições a projetos desta natureza: prazos, orçamento, abrangência, prioridades, disputas políticas, barreiras culturais, etc.. As condicionantes e restrições, como em tudo na vida, devem ser consideradas, negociadas e contornadas da melhor forma possível, de acordo com a situação. Esperar um momento na empresa em que não haja obstáculo ao projeto pode significar condená-lo a nunca ser iniciado.
    Estruturação de glossário e indexação dos conteúdos.
    Um projeto desta natureza é uma excelente oportunidade para mapear todo o vocabulário, todos os conceitos, toda a semântica que impregna o funcionamento do negócio. Assim como nos sites de busca na Web, a correta definição de termos-chaves é fundamental para uma melhor estruturação do conteúdo e facilita a recuperação posterior. E ainda permite um interessante estudo da cultura organizacional.
Para o pleno funcionamento do processo de Gestão Estratégica do Conhecimento, deve-se estruturar equipe específica. A seguir são relacionadas as etapas básicas para a formação dessa equipe:
    Identificação do responsável geral (Chief Knowledge Officer): Esta pode ser uma atribuição acumulada por algum executivo, como o CIO, por exemplo. Mas é preciso que o processo de Gestão do Conhecimento tenha "pai e mãe" conhecidos na organização.
    Formação de equipe de analistas de informação: Modelar, pesquisar fontes, coletar informações, especificar, contextualizar e estruturar conteúdo, em geral, é o grosso do trabalho na implantação de Gestão do Conhecimento. Uma equipe bem formada de analistas de informação é meio caminho andado em qualquer projeto dessa natureza.
    Formação de um Comitê Gestor do processo de Gestão do Conhecimento: É importante o comprometimento dos diversos setores da organização. Será preciso negociar prioridades, decidir alternativas, justificar investimentos, contornar resistências, etc.. Um Comitê Gestor, com representantes das áreas críticas, é um caminho em geral bem sucedido na implantação de projetos desse tipo.
    Formação dos Grupos de Especialistas de Apoio: As ferramentas de consulta, as bases de dados, as séries históricas, as ferramentas de comunicação, enfim, todos os componentes podem ser suportados por uma equipe específica, num mix de analistas de informação, pessoal de suporte de Informática, etc.. Mas sempre existirão questões de conteúdo que só poderão ser adequadamente tratadas por especialistas. Esses grupos dão um apoio de segundo nível ao processo de Gestão do Conhecimento.
    Estruturação de um Fórum Estratégico de Planejamento e Direção: Em algum ponto da estrada começarão as cobranças: desempenho, resultados, custos, etc.. Pelo caráter abrangente da Gestão do Conhecimento, é melhor que esses indicadores sejam discutidos num Fórum Estratégico, onde o planejamento das ações e as diretrizes sejam colocados de forma alinhada com a estratégia da empresa.
    Formação de equipe de apoio em infra-estrutura: Todos os componentes tecnológicos são passíveis de falhas, e o processo global pode ser prejudicado se não houver suporte adequado ao uso, nos diversos pontos do processo de Gestão do Conhecimento. Estruturar uma equipe de apoio a infra-estrutura é uma medida que economiza tempo, energia, dinheiro e aborrecimentos.
Uma Arquitetura de Informações para a Gestão do Conhecimento
O conteúdo informacional da base de conhecimentos deve contemplar, preliminarmente, o seguinte:
    Usuários de informação: Quem é a comunidade de usuários que irá participar do processo? Onde estão? Qual o seu perfil de autorização? Que tipo de equipamento, software e ligação usam?

    Interface (Browser, Consultas, Analises e Reports): Qual a interface que será implementada? Quais as metáforas envolvidas? Como estará organizado o ambiente de trabalho? Que ferramentas de consulta serão disponibilizadas? Que conteúdos estarão disponíveis para quem?
    Controle de acesso (Segurança, Firewall, Perfis de acesso, Autenticação): Como será estruturado o controle de acesso? Quem ficará responsável pela segurança física e lógica das informações? Que mecanismos de controle para acesso do exterior serão implementados?
    Pesquisa (Search Engines, Agentes de software, Personalização): Como se atualiza a base de conhecimento? Como se pode utilizá-la? Quais os níveis de customização permitidos? Que recursos de apoio aos usuários serão disponibilizados?
    Aplicações (Glossário, Indexação, Aplicativos em bancos de dados): Com que sistemas a base se conectará? Que aplicações serão desenvolvidas a partir dela? Como será indexado seu conteúdo para recuperação de informações? Como os sistemas de suporte à decisão se beneficiarão dela?
    Comunicação (Workgroup, E-mail, Intranet, Extranets, Internet): Quais os recursos de comunicação disponíveis? Que mídias para armazenamento e acesso às informações serão usadas? Como será o processo de disseminação do uso?
    Repositórios (Web, Bases de dados, Sistemas conveniados, Diretórios públicos): Quais as estruturas de armazenamento? Que outras bases se interligarão? Quais os limites de domínio e expansão?
Todas essas definições se fazem necessárias para a especificação da arquitetura de informações que seria o núcleo do processo de Gestão do Conhecimento na empresa.
Etapas para um Projeto Piloto
A proposta de implantação de um processo de Gestão do Conhecimento na empresa pode se basear na realização de um ciclo piloto. Esse piloto abrangeria alguns temas selecionados, algumas fontes definidas e com alguns usuários, em condições controladas, visando avaliar a viabilidade e eficácia do processo. Para a realização desse ciclo piloto, sugerimos o seguinte roteiro:
    1. Seleção de um tema estratégico inicial
    2. Formação de equipes para o piloto
    3. Mapeamento preliminar de fontes de informação
    4. Estruturação do conteúdo referente ao tema (modelagem de base de dados e séries históricas)
    5. Definição de arquitetura tecnológica a ser usada
    6. Coleta de informações nas fones identificadas
    7. Povoamento da base de dados
    8. Disponibilização do conteúdo para equipe do projeto piloto (Intranet)
    9. Análise de informações
    10. Divulgação dos resultados para comunidade de usuários do projeto piloto
    11. Avaliação do projeto piloto

    12. Planejamento do ciclo de expansão do sistema

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