TEIXEIRA
FILHO, Jayme. Gestão de Conhecimento: Inteligência competitiva no
desenvolvimento de negócios. Rio de Janeiro: Ed. Senac Rio, 2000. 191 p
Por que
Gestão do Conhecimento agora?
Gestão do Conhecimento, Capital Intelectual, Inteligência
Competitiva e vários outros novos termos têm surgido para tentar caracterizar
uma nova área de interesse na administração das organizações.
Durante as primeiras décadas da Informática a ênfase foi em
gerenciar dados. A tecnologia, as ferramentas, os métodos, os sistemas e as
abordagens sempre enfatizaram os dados. Até hoje, ao longo da história tem sido
assim: estruturas de dados, arquiteturas de dados, bancos de dados, data
warehouses, e assim por diante. Mas o que nos falta?
Para transformar dados em informações precisamos de
ferramentas. Mas para transformar informação em conhecimento precisamos de
tempo. Conhecimento não é nem dado nem informação, mas está relacionado a
ambos. Podemos pensar em informação como sendo dado que faz sentido, que faz
diferença. Mas o conhecimento seria então um conjunto formado por experiências,
valores, informação de contexto e - por que não? - criatividade aplicada é
avaliação de novas experiências e informações. Esta abordagem, útil para
aplicações ao trabalho e às organizações, identifica o conhecimento como algo
inseparável das pessoas. Nas organizações o conhecimento se encontra não apenas
nos documentos, bases de dados e sistemas de informação, mas também nos
processos de negócio, nas práticas dos grupos e na experiência acumulada pelas
pessoas.
As pessoas derivam conhecimento das informações de diversas
formas: por comparação, pela experimentação, por conexão com outros
conhecimentos e através das outras pessoas, por exemplo. As atividades de
criação de conhecimento têm lugar com e entre os seres humanos. O conhecimento
é transmitido por pessoas e para pessoas, através de meios estruturados como
vídeos, livros, documentos, páginas web, e etc. Além disso, as pessoas obtêm
conhecimento daqueles que já o têm, através de aprendizado interpessoal e
compartilhamento de experiências e idéias.
As tecnologias de Internet, Intranet e Extranet têm
apresentado propostas interessantes para a comunicação entre comunidades de
prática afins. Novas formas de registro e transmissão de conhecimento têm
surgido e sido aplicadas às organizações.
O interesse das organizações no conhecimento se deve, entre
outros fatores, pelo conhecimento estar muito associado à ação. O conhecimento
é avaliado pelas decisões e ações que desencadeia. Um melhor conhecimento pode
levar a melhores decisões em marketing, vendas, produção, distribuição, e assim
por diante. Assim as empresas passaram a se preocupar com o seu "capital
intelectual", com sua "inteligência competitiva", enfim, com a
gestão do seu conhecimento.
As pessoas têm usado conhecimento nas organizações há muito
tempo, pelo menos implicitamente. O conhecimento da empresa, da competição, dos
processos, do ramo de negócio, enfim, tem estado por trás de milhões de
decisões estratégicas e operacionais, ao longo dos anos. No entanto, o
reconhecimento de que o conhecimento é um recurso que precisa ser gerenciado é
relativamente recente. A Gestão do Conhecimento, vista como uma coleção de
processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para
atingir plenamente os objetivos da organização, é uma área nova na confluência
entre Tecnologia da Informação e Administração, um novo campo entre a
estratégia, a cultura e os sistemas de informação de uma organização. Com o enfoque
da Gestão do Conhecimento começa-se a rever a empresa, suas estratégias, sua
estrutura e sua cultura.
Isso se dá num ambiente altamente competitivo, onde a rápida
globalização da economia e as melhorias nos transportes e comunicações dão aos
consumidores uma gama de opções sem precedentes. Pressões sobre os preços não
deixam margem para ineficiência. O ciclo de desenvolvimento de novos produtos é
cada vez mais curto. As empresas precisam de qualidade, valor agregado,
serviço, inovação, flexibilidade, agilidade e velocidade de forma cada vez mais
crítica. As empresas tendem a se diferenciar pelo que elas sabem e pela forma
como conseguem usar esse conhecimento. Numa economia global, o conhecimento se
torna a maior vantagem competitiva de uma organização.
Conceitos e
Perspectivas em Gestão do Conhecimento
Hoje em dia, está sendo chamada de “Gestão do Conhecimento”
uma "coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização
do conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização",
seguindo uma linha de conceito de Tom Davenport.
O tema "Gestão do Conhecimento" pode ser encontrado
sob vários títulos, mais ou menos equivalentes, hoje em dia: "Capital
Intelectual", "Inteligência Competitiva", entre outros. Este
assunto tem sido muito discutido, em diversas publicações, revistas e livros.
Já há algumas traduções para português, bem como livros de autores brasileiros,
sobre o assunto. Também já existe uma grande quantidade de sites na Internet
dedicados ao assunto.
O interesse pelo Conhecimento nas empresas (ou capital
intelectual) começou com a constatação de que o valor de mercado de diversas
empresas (Lotus, Microsoft, Apple, Amazon.com, Yahoo!, Nokia, Skandia, Nike,
Benneton, America On Line, entre diversas outras) é muito maior do que o valor
do seu patrimônio físico (instalações, equipamentos, etc.). O valor total das
ações dessas empresas incorpora "intangíveis" tais como: o valor das
marcas, as patentes, a capacidade de inovação, o talento dos funcionários, as
suas relações com seus clientes, entre outros fatores. As empresas se voltaram
para a Gestão do Conhecimento no intuito de entender, organizar, controlar e
lucrar com esse valor intangível (o conhecimento).
Do ponto de vista acadêmico, talvez se possa dizer que a
Gestão do Conhecimento é uma "zona cinza" no cruzamento entre Teoria
da Organização, Estratégia de Negócios, Tecnologia da Informação e Cultura
Administrativa. Hoje se podem encontrar pessoas estudando isso tanto em RH
quanto em Informática.
Há um conceito central - que a maioria dos outros autores usa
- do livro de Nonaka e Takeushi, "Criação do Conhecimento na
Empresa", que é o do conhecimento tácito versus o conhecimento explícito.
O conhecimento tácito é aquele que as pessoas possuem mas não está descrito em
nenhum lugar, residindo apenas na cabeça das pessoas. O conhecimento explícito
é aquele que está registrado de alguma forma, e assim disponível para as demais
pessoas. Muito do que é feito então em Gestão do Conhecimento é em cima dessas
sucessivas passagens de conhecimento tácito para explícito, e vice-versa, na
chamada "espiral do conhecimento". Muito do que a tecnologia de
Informática e a área de RH têm feito nessa linha é facilitar e organizar esses
processos de conversão de conhecimento.
Na empresa, a Gestão do Conhecimento pode ser vista como um
grande processo (em analogia com o processo da Qualidade Total). Nesse sentido,
as empresas estão começando a se preocupar com o conhecimento tácito e sua
explicitação em todos os seus processos de negócio. As estimativas dos
especialistas internacionais são de que, nos próximos 2 a 5 anos, as empresas
irão gastar mais com Gestão do Conhecimento (consultoria, serviços, softwares,
produtos, etc.) do que gastaram com Qualidade ou com Reengenharia. Isso
significa que se está diante de um mercado enorme.
Com o crescimento do interesse na área, começam a se
consolidar experiências, grupos de estudo, comunidades de interesse e projetos
em empresas. Mas talvez se possa afirmar que no Brasil a área ainda é
incipiente e não atingiu "massa critica". Mesmo na Europa e nos EUA
ainda são poucas as experiências em larga escala nas empresas.
Por outro lado, todas as grandes consultorias já incorporaram
a Gestão do Conhecimento (ou Knowledge Management - KM) em seu discurso de
venda. Muitas já têm áreas especificas de projeto sobre isso. Há muitas
empresas desenvolvendo software para KM (em Intranet, para Internet, de
documentação eletrônica, de gestão de processos, etc.). Poderíamos listar como
algumas das principais empresas nessa área: Andersen Consulting, KPMG, Price
Waterhouse Coopers, PC Docs, Delphi Group, IDS Scheer, CoCreate, Pensare,
Inxight, TeamWare, SAS, Livelink, Nextera, TeamToolz, NetMind, e Lotus, entre
várias outras.
Por ser uma área relativamente nova, a maioria das empresas
agora é que começa a se interessar pelo assunto. Já há algumas iniciativas de
projetos-pilotos. Como as principais preocupações neste momento nas
organizações são quanto a estabilização do mercado, projetos de ERP (Enterprise
Resource Planning), problemas com o bug do ano 2000, projetos para Internet,
etc., a maioria das empresas ainda não começou projetos na área de Gestão do
Conhecimento. Exemplos de projetos em KM e Inteligência Competitiva neste
momento seriam:
- Memória
Organizacional: rever os processos organizacionais, mídias usadas,
responsabilidades e tecnologias empregadas, visando registrar de forma
acessível o acervo de conhecimentos da organização.
- Gestão de
Processos: repensar os processos da empresa a luz dos conceitos e ferramentas
de Gestão do Conhecimento.
- Comunicação
Intraempresarial: dotar a empresa de infra-estrutura, adotar tecnologia
adequada e intervir na cultura organizacional, visando otimizar a comunicação
de conhecimentos entre as pessoas.
- E-Business: transformar
os processos de negócio visando aproveitar as oportunidades de inovação
oferecidas pela "desintermediação" e o contato mais direto com
clientes e fornecedores.
- Inteligência
Competitiva: criar processos e ferramentas que permitam a empresa monitorar
melhor seu mercado e a concorrência, com informações de apoio a decisão nos
negócios.
- Formação do
Trabalhador do Conhecimento: rever o perfil profissional das pessoas na
empresa, a luz das transformações induzidas nos processos de negócio pela
Gestão do Conhecimento.
De forma fragmentada, isolada, talvez ainda tímida, várias
empresas, fornecedores de software e consultorias estão tentando agregar alguns
desses aspectos aos projetos já em andamento em outras áreas.
Há várias dimensões do tema Gestão do Conhecimento, que podem
ter diferentes abordagens, todas válidas e complementares. Na dimensão
estratégica, a ênfase que começa a se dar atualmente ao conhecimento na empresa
representa uma profunda transformação em relação ao "paradigma industrial",
que vinha consagrado desde Taylor, Fayol e Ford. Numa nova economia, muito mais
baseada em valores intangíveis, será preciso uma empresa totalmente diferente.
Assim sendo, cabe questionar se estarão as estruturas organizacionais atuais
preparadas para a Gestão do Conhecimento. Na nova economia, como deveria ser um
sistema adequado de remuneração, por exemplo? O que muda nas relações entre
fornecedores, competidores e clientes: competição ou cooperação? E, ainda, como
pensar a estratégia corporativa a luz da Gestão do Conhecimento?
Na dimensão do trabalho, a passagem do trabalho manual para o
intelectual, num momento em que a maioria das tarefas repetitivas já é assumida
por máquinas, indica que a relação da pessoa com o trabalho muda, como muda o
que ela precisa saber para trabalhar. O mercado de trabalho passa a demandar um
novo perfil de profissional, onde iniciativa, discernimento e aprendizado são
palavras-chave. Cabe a questão: qual o perfil profissional do trabalhador do
conhecimento? E é possível uma reeducação para o trabalho ou só para uma nova
geração?
Por outro lado, na dimensão tecnológica, percebe-se que a
Tecnologia da Informação e a das Telecomunicações são os principais
habilitadores dessa nova economia. Novos meios de comunicação e armazenamento
de informações suportam a ênfase na memória organizacional e na comunicação
entre as pessoas na empresa. Internet, intranets, correio eletrônico, telefonia
móvel, fibra ótica, DVDs, palmtops e diversas outras tecnologias estão mudando
a forma de se fazer negócios. Aqui algumas questões de interesse para a empresa
são: qual o impacto da tecnologia Internet para a Gestão do Conhecimento? Como
as comunidades virtuais afetam a estratégia das empresas? Quem compete com quem
na nova economia? E quais as tecnologias mais importantes neste novo cenário?
Mas é preciso também não esquecer a dimensão social. A
Tecnologia está se sobrepondo as instituições sociais, se tornando
autojustificada, autoperpetuada e onipresente. Aprendemos a como inventar
coisas, mas deixamos de nos preocupar com o porquê. A Tecnologia está
redefinindo o que entendemos por arte, privacidade, inteligência, etc. Vivemos
num tecnopólio onde a individualidade é minada e a liberdade é pervertida. A
Gestão do Conhecimento é mais uma inovação, num cenário de profundas mudanças.
Donde o cidadão comum começa a se perguntar quem serão os novos ganhadores e os
novos perdedores neste Tecnopólio. Como manter uma posição crítica e
independente neste cenário? Não estaremos diante de um perigo real da
"overdose" de Informação? Por outro lado, quem serão os agentes
culturais principais neste novo ambiente?
Por fim, é preciso nunca esquecer que a distribuição de
conhecimento no mundo acompanha a distribuição de riquezas. Os locais onde as
pessoas estão mais bem preparadas para a nova economia são os locais onde hoje
já há maior concentração de riqueza. As enormes discrepâncias nos níveis de
educação no mundo - entre países diferentes, regiões diferentes e classes
sociais diferentes - formam um mapa das oportunidades e ameaças da "era do
conhecimento'. Politicamente, cabe a questão de se a ênfase no conhecimento
representará libertação ou uma nova forma de opressão. Será viável uma
"política social do conhecimento”? Como lidar com exclusão na "era do
conhecimento"? Qual o papel da Educação neste cenário?
Acima de tudo, o importante neste momento é formar uma visão
crítica em relação às diversas perspectivas da Gestão do Conhecimento.
Tecnologia
da Informação para Gestão do Conhecimento
Uma pesquisa sobre a implantação da Gestão do Conhecimento em
empresas européias, publicada pela revista Information Strategy Online
(www.info-strategy.com), ligada à conceituada The Economist, traz algumas
informações sobre o uso de Tecnologia da Informação para a Gestão do Conhecimento.
As áreas críticas de conhecimento apontadas pelos executivos
europeus são: preferências e necessidades dos clientes, desempenho da
organização, concorrência, aplicações de tecnologia, uso da informação
existente, setores e nichos de mercado e regulamentações externas.
Ainda segundo a pesquisa da Information Strategy Online, os
aspectos principais da Gestão do Conhecimento, na visão dos executivos europeus
entrevistados, são: compartilhar o conhecimento internamente, atualizar o
conhecimento, processar e aplicar o conhecimento para algum benefício
organizacional, encontrar o conhecimento internamente, adquirir conhecimento
externamente, reutilizar conhecimento, criar novos conhecimentos e compartilhar
o conhecimento com a comunidade externa à empresa.
A pesquisa citada mostra que na maioria das organizações a
responsabilidade pela Gestão do Conhecimento não está centralizada na alta
direção mas sim disseminada entre a média gerência e muitas vezes é vista como
parte do trabalho de cada colaborador. E para 83 % do universo pesquisado, a
Gestão do Conhecimento não é uma pura e simples extensão da Tecnologia da
Informação.
O desafio para a área de TI passa a ser migrar de uma posição
de suporte a processos para o suporte a competências. É preciso sair do patamar
do processamento de transações, da integração da logística, do workflow e do
comércio eletrônico e agregar um perfil de construção de formas de comunicação,
de conversação e aprendizado on the job, de comunidades de trabalho, e de
estruturação e acesso às idéias e experiências.
Nesse sentido, a organização precisa de três itens
fundamentais:
(1) uma nova
arquitetura de informação que inclua novas linguagens, categorias e metáforas
para identificar e alavancar perfis e competências;
(2) uma nova
arquitetura tecnológica que seja mais social, aberta, flexível, que respeite e
atenda às necessidades individuais e que dê poder aos usuários;
(3) uma nova
arquitetura de aplicações orientada mais à solução de problemas e à
representação do conhecimento, do que somente voltada a transações e
informações.
O papel a ser desempenhado pela TI é estratégico: ajudar o
desenvolvimento do conhecimento coletivo, e do aprendizado contínuo, tornando
mais fácil para as pessoas na organização compartilharem problemas,
perspectivas, idéias e soluções. Para atingir esse objetivo, os profissionais
de TI precisarão atentar para três aspectos essenciais:
- As estratégias
para desenvolvimento do conhecimento devem ser focadas na criação de mecanismos
que permitam aos profissionais manterem contato, e não na captura e
disseminação centralizada de informação. A TI deve ser usada para facilitar a
troca de experiências e o trabalho em conjunto, e também para mapear e
acompanhar a participação de cada um;
- Os esforços e
iniciativas de TI para a formação de comunidades de trabalho na organização
devem ser acompanhados por indicadores objetivos amplamente divulgados. O
desenvolvimento de sistemas de suporte ao conhecimento deve estar claramente
vinculado aos resultados globais das áreas de negócio;
- As ferramentas
tecnológicas de suporte ao conhecimento devem ser flexíveis e fáceis de usar,
dando a maior autonomia possível aos membros das comunidades de trabalho, com
um mínimo de interferência da área de TI.
As tecnologias principais em uso para a Gestão do
Conhecimento são: videoconferência, groupware, painéis eletrônicos e grupos de
discussão, bases de dados on-line, CD-ROMs, Internet, intranets, sistemas
especialistas, agentes de pesquisa inteligentes, data warehouse / data mining e
gerenciamento eletrônico de documentos.
No entanto, a Gestão do Conhecimento é uma questão
essencialmente de pessoas e processos. Muitas organizações têm se frustrado com
seus investimentos em comunicações e redes, geralmente voltados para groupware,
correio eletrônico, videoconferência, etc. Fora da perspectiva da Gestão do
Conhecimento, por exemplo, a adoção de groupware tem fracassado em favorecer o
trabalho realmente de equipe, gerando apenas intermináveis listas de discussão pouco
úteis para a organização. Da mesma forma, a proliferação de intranets pode
gerar, principalmente, inúmeros pequenos websites nas instituições, que
adicionarão pouco valor aos negócios.
As tecnologias úteis para a Gestão do Conhecimento são
aquelas que propiciam a integração das pessoas, que facilitam a superação das
fronteiras entre unidades de negócio, que ajudam a prevenir a fragmentação das
informações e permitem criar redes globais para o compartilhamento do
conhecimento. As ferramentas para isso - para modelagem e análise de cenários,
por exemplo - devem ser flexíveis e fáceis de usar.
Passos para
a Gestão do Conhecimento
A tecnologia Internet/Intranet está tornando muito mais
barata a implantação de sistemas de suporte ao conhecimento. O processo de
Gestão do Conhecimento pode ter como ferramenta de suporte um sistema de
informações baseado em tecnologia Web, formando o núcleo de uma Intranet para a
organização. A seguir são sugeridas etapas para a definição da arquitetura de
informações desse sistema, e para a estruturação das equipes e recursos
necessários para sua implementação.
Identificação de temas estratégicos;
Toda empresa tem
temas preferenciais a serem considerados. O processo de Gestão do Conhecimento
deve focar originariamente nesses temas, em geral ligados ao modelo de negócio
e ao mercado da empresa.
Mapeamento de fontes de informação gerais e
específicas;
É fundamental uma
identificação adequada de fontes de informação seguras e com qualidade. O
conteúdo sobre o qual o processo agirá se baseia nessas fontes.
Definição de indicadores do processo de
Gestão do Conhecimento;
Como qualquer outro
processo, este também precisa ser controlado. E o que não se mede, não tem como
ser gerenciado.
Modelagem do conteúdo;
Este é o ponto de definição do conteúdo
detalhado, indicando quais os grupos de informação de interesse, como se
relacionam, quais os domínios de validação, critérios de atualização, etc..
Identificação de gestores e responsáveis
pelas informações;
Cada parte do
conteúdo mapeado e cada parte do processo de Gestão do Conhecimento têm que ter
seu responsável devidamente identificado, com as atribuições claramente
definidas.
Definição do esquema de segurança e
controle de acesso;
Outro ponto
crucial, muitas vezes negligenciado. A segurança física e lógica das
informações é fundamental.
Identificação de ciclos de atualização;
Cada fonte e cada
parte do conteúdo têm seus ciclos de atualização, segundo a própria natureza do
tema, que precisam ser especificados.
Definição de séries históricas e
informações agregadas de suporte à decisão;
Em Gestão do
Conhecimento, muitas vezes o valor não vem apenas de uma "fotografia"
do momento, mas de todo um "filme" que conta a história e a evolução
dos fatos. A perspectiva histórica e as agregações são importantes para o
suporte à decisão nos diversos níveis.
Definição dos componentes da
infra-estrutura tecnológica;
Esse ponto é
importante por causa das questões de sempre: custos, evolução da plataforma,
soluções disponíveis, fornecedores existentes, recursos consumidos,
planejamento de capacidade, compatibilidade entre sistemas e componentes, etc..
No entanto, um erro muito comum é começar o projeto de implantação de Gestão do
Conhecimento pela definição da infra-estrutura tecnológica. Isso só deve ser
feito depois que houver clareza do escopo e da natureza da arquitetura de
informações.
Identificação de condicionantes e
restrições;
Em situações reais,
sempre há restrições a projetos desta natureza: prazos, orçamento, abrangência,
prioridades, disputas políticas, barreiras culturais, etc.. As condicionantes e
restrições, como em tudo na vida, devem ser consideradas, negociadas e
contornadas da melhor forma possível, de acordo com a situação. Esperar um
momento na empresa em que não haja obstáculo ao projeto pode significar
condená-lo a nunca ser iniciado.
Estruturação de glossário e indexação dos
conteúdos.
Um projeto desta
natureza é uma excelente oportunidade para mapear todo o vocabulário, todos os
conceitos, toda a semântica que impregna o funcionamento do negócio. Assim como
nos sites de busca na Web, a correta definição de termos-chaves é fundamental
para uma melhor estruturação do conteúdo e facilita a recuperação posterior. E
ainda permite um interessante estudo da cultura organizacional.
Para o pleno funcionamento do processo de Gestão Estratégica
do Conhecimento, deve-se estruturar equipe específica. A seguir são
relacionadas as etapas básicas para a formação dessa equipe:
Identificação do responsável geral (Chief
Knowledge Officer): Esta pode ser uma atribuição acumulada por algum
executivo, como o CIO, por exemplo. Mas é preciso que o processo de Gestão do
Conhecimento tenha "pai e mãe" conhecidos na organização.
Formação de equipe de analistas de
informação: Modelar, pesquisar fontes, coletar informações, especificar,
contextualizar e estruturar conteúdo, em geral, é o grosso do trabalho na
implantação de Gestão do Conhecimento. Uma equipe bem formada de analistas de
informação é meio caminho andado em qualquer projeto dessa natureza.
Formação de um Comitê Gestor do processo de
Gestão do Conhecimento: É importante o comprometimento dos diversos setores da
organização. Será preciso negociar prioridades, decidir alternativas,
justificar investimentos, contornar resistências, etc.. Um Comitê Gestor, com
representantes das áreas críticas, é um caminho em geral bem sucedido na
implantação de projetos desse tipo.
Formação dos Grupos de Especialistas de
Apoio: As ferramentas de consulta, as bases de dados, as séries
históricas, as ferramentas de comunicação, enfim, todos os componentes podem
ser suportados por uma equipe específica, num mix de analistas de informação,
pessoal de suporte de Informática, etc.. Mas sempre existirão questões de
conteúdo que só poderão ser adequadamente tratadas por especialistas. Esses
grupos dão um apoio de segundo nível ao processo de Gestão do Conhecimento.
Estruturação de um Fórum Estratégico de
Planejamento e Direção: Em algum ponto da estrada começarão as cobranças:
desempenho, resultados, custos, etc.. Pelo caráter abrangente da Gestão do
Conhecimento, é melhor que esses indicadores sejam discutidos num Fórum
Estratégico, onde o planejamento das ações e as diretrizes sejam colocados de
forma alinhada com a estratégia da empresa.
Formação de equipe de apoio em
infra-estrutura: Todos os componentes tecnológicos são passíveis de
falhas, e o processo global pode ser prejudicado se não houver suporte adequado
ao uso, nos diversos pontos do processo de Gestão do Conhecimento. Estruturar
uma equipe de apoio a infra-estrutura é uma medida que economiza tempo,
energia, dinheiro e aborrecimentos.
Uma
Arquitetura de Informações para a Gestão do Conhecimento
O conteúdo informacional da base de conhecimentos deve
contemplar, preliminarmente, o seguinte:
Usuários de informação: Quem é a
comunidade de usuários que irá participar do processo? Onde estão? Qual o seu
perfil de autorização? Que tipo de equipamento, software e ligação usam?
Interface (Browser, Consultas, Analises e
Reports): Qual a interface que será implementada? Quais as metáforas
envolvidas? Como estará organizado o ambiente de trabalho? Que ferramentas de
consulta serão disponibilizadas? Que conteúdos estarão disponíveis para quem?
Controle de acesso (Segurança, Firewall, Perfis
de acesso, Autenticação): Como será estruturado o controle de acesso? Quem
ficará responsável pela segurança física e lógica das informações? Que
mecanismos de controle para acesso do exterior serão implementados?
Pesquisa (Search Engines, Agentes de
software, Personalização): Como se atualiza a base de conhecimento? Como se pode
utilizá-la? Quais os níveis de customização permitidos? Que recursos de apoio
aos usuários serão disponibilizados?
Aplicações (Glossário, Indexação, Aplicativos
em bancos de dados): Com que sistemas a base se conectará? Que aplicações
serão desenvolvidas a partir dela? Como será indexado seu conteúdo para
recuperação de informações? Como os sistemas de suporte à decisão se
beneficiarão dela?
Comunicação (Workgroup, E-mail, Intranet,
Extranets, Internet): Quais os recursos de comunicação disponíveis? Que
mídias para armazenamento e acesso às informações serão usadas? Como será o
processo de disseminação do uso?
Repositórios (Web, Bases de dados, Sistemas
conveniados, Diretórios públicos): Quais as estruturas de
armazenamento? Que outras bases se interligarão? Quais os limites de domínio e
expansão?
Todas essas definições se fazem necessárias para a
especificação da arquitetura de informações que seria o núcleo do processo de
Gestão do Conhecimento na empresa.
Etapas para
um Projeto Piloto
A proposta de implantação de um processo de Gestão do
Conhecimento na empresa pode se basear na realização de um ciclo piloto. Esse
piloto abrangeria alguns temas selecionados, algumas fontes definidas e com
alguns usuários, em condições controladas, visando avaliar a viabilidade e
eficácia do processo. Para a realização desse ciclo piloto, sugerimos o
seguinte roteiro:
1. Seleção de um
tema estratégico inicial
2. Formação de
equipes para o piloto
3. Mapeamento
preliminar de fontes de informação
4. Estruturação do
conteúdo referente ao tema (modelagem de base de dados e séries históricas)
5. Definição de
arquitetura tecnológica a ser usada
6. Coleta de
informações nas fones identificadas
7. Povoamento da
base de dados
8. Disponibilização
do conteúdo para equipe do projeto piloto (Intranet)
9. Análise de
informações
10. Divulgação dos
resultados para comunidade de usuários do projeto piloto
11. Avaliação do
projeto piloto
12. Planejamento do
ciclo de expansão do sistema
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