sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Universidades: genial criação da Igreja medieval


Universidade de Cambridge, InglaterraE é ao apoio dado pelos papas que se devem o crescimento e o êxito do sistema universitário. 
Graças a essas intervenções pontifícias ‒ escreve o historiador Henri Daniel-Rops ‒, o ensino superior foi capaz de expandir-se. A Igreja foi sem dúvida a matriz de onde saiu a Universidade, o ninho de onde ela levantou vôo”.
É um fato comprovado que uma das mais importantes contribuições medievais para a ciência moderna foi a liberdade de pesquisa no mundo universitário, onde os acadêmicos podiam debater e discutir as proposições apoiados na certeza da utilidade da razão humana.
Universidade de Coimbra, Portugal, Biblioteca Joanina
Universidade de Coimbra, criada em 1290. Na foto: a Biblioteca Joanina



Universidade de Oxford, Inglaterra As cidades medievais foram o marco do aparecimento de uma das máximas criações medievais: a Universidade. 

Hoje elas estão tão difundidas no mundo que as pessoas custam acreditar que não existiram sempre. 

Entretanto, elas só conheceram a luz sob o bafejo da Igreja, em cidades que depois ficaram ilustres pelo seu caráter universitário: Coimbra, Oxford, Paris, Bologna, Salamanca...

A lista é intérmina. 

Os papas e outros homens da Igreja situaram as universidades entre as grandes jóias da civilização cristã.
Era comum ouvir descrever a Universidade de Paris como a “nova Atenas”, uma designação que evoca as ambições deAlcuíno quando, vários séculos antes, no período carolíngio, se propunha estabelecer uma nova Atenas no reino dos Francos.

O papa Inocêncio IV (1243‒ 1254) descreveu as universidades como “rios de ciência cuja água fertiliza o solo da Igreja universal”, e o papa Alexandre IV (1254-1261) chamou-as “lâmpadas que iluminam a casa de Deus

O que foi que tornou possível à civilização ocidental desenvolver a ciência e as ciências sociais de um modo que nenhuma outra civilização havia conseguido até então? 
Estou convencido de que a resposta está no penetrante e profundamente arraigado espírito de pesquisa que teve início na Idade Média como conseqüência natural da ênfase posta na razão.
Com exceção das verdades reveladas, a razão era entronizada nas universidades medievais como árbitro decisivo para a maior parte dos debates e controvérsias intelectuais. 
Universidade de Salamanca, Espanha
Universidade de Salamanca, Espanha, fundada em 1218,
primeira da Europa que obteve o título oficial de "Universidade".
Os estudantes, imersos em um ambiente universitário, consideravam muito natural empregar a razão para pesquisar as áreas do conhecimento que não haviam sido exploradas anteriormente, assim como discutir possibilidades que antes não haviam sido consideradas seriamente”.
A criação da Universidade, o compromisso com a razão e com a argumentação racional e o abrangente espírito de pesquisa que caracterizou a vida intelectual medieval representaram 
“um dom da Idade Média latina ao mundo moderno [...], ainda que nunca se venha a reconhecê-lo. Talvez esse dom conserve para sempre a condição de segredo mais bem guardado que a civilização ocidental teve durante os quatro séculos passados”.
Foi um dom da civilização cujo centro era a Igreja Católica.

(Fonte: Thomas E. Woods Jr., “Como a Igreja Católica construiu a Civilização Ocidental”, editora Quadrante, São Paulo, 2008, 222 pp., p. 60-62).


Nenhum comentário:

Postar um comentário

VOCÊ SABIA?

VOCÊ SABIA? A logo do Bluetooth é a união das runas nórdicas Hagall e Berkanan, correspondentes às letras H e B do nosso alfabeto, sendo tam...