quarta-feira, 11 de abril de 2012

Concordância Verbal

A regra básica da concordância verbal manda que o verbo concorde com o sujeito gramaticalmente. O verbo, porém, pode concordar, por atração. Pode, ainda, deixar de concordar com o sujeito, para concordar com o predicativo.
A) Quando os substantivos são sinônimos ou têm sentidos aproximados, o sujeito, embora composto, pode deixar o verbo no singular:
a) “O medo e a covardia destrói a auto-estima.”
 b) “A pureza e a inocência ainda comove.”
B) Quando o sujeito composto está posposto (após o verbo), o verbo pode concordar apenas com o mais próximo, por atração:
a) “Morava ali o fazendeiro e as filhas.”
 b) “Morreu o jumento e todas as ovelhas, por causa da seca.”
C) Se o sujeito composto contiver pronomes pessoais, a Norma aconselha que o verbo concorde, no plural, com o núcleo pronominal que for mais predominante. A 1ª pessoa prevalece sobre a 2ª e a 3ª; a 2ª pessoa prevalece sobre a 3ª:
a) “Ele e teu pai são sócios.” (3ª pessoa com 3ª pessoa)
 b) “Sereis amaldiçoados vós e vossa geração.” (2ª pessoa e 3ª pessoa)
 c) “Tu e ela decidireis tudo juntos.” (2ª pessoa e 3ª pessoa).
 d) “Seremos felizes tu e eu.” (2ªº pessoa e 1ª pessoa)
D) “No caso de o sujeito composto possuir núcleos unidos pela conjunção ou, o verbo concordará com o núcleo mais próximo, se essa conjunção indicar retificação ou exclusão:
a) “O culpado ou os culpados serão punidos.”
 b) “O pai ou a mãe ficará com a criança, após o divórcio.”
Obs. Se a idéia expressa no verbo puder se referir a qualquer dos núcleos, indiferentemente, o verbo irá para o plural:
a) “Uma maçã ou uma pêra me satisfariam neste momento.”
E) Quando o sujeito composto tem núcleos unidos pela conjunção com, o verbo pode ficar no singular, por atração com o núcleo singular, que queremos enfatizar:
a) “Abandonou a fazenda o sertanejo com todos os filhos.”
 b) “Leonardo, com seus colegas, pichou a parede da sala.”
F) Se o sujeito composto tiver os núcleos unidos pela conjunção nem, o verbo ficará no singular, se a idéia expressa pelo verbo se refere apenas a um dos núcleos e não pode se referir aos dois:
a) “Depois do divórcio, nem o pai nem a mãe ficará com a criança.”
 b) “Nem Conde nem Cabral será eleito prefeito.”
Obs. Se a idéia puder se referir a qualquer um dos núcleos, o verbo ficará no singular ou no plural:
a) “Nem o Valle nem o Bittar será eleito deputado (= nem o Valle será nem o Bittar será...)
 b) “Nem o Valle nem o Bittar serão eleitos deputados.”
G) Sujeito composto com núcleos correlacionadas pode levar o verbo ao singular ou ao plural. Se quiser enfatizar o núcleo mais próximo, deixe o verbo no singular:
a) “Não só o professor, mas também o médico merecem as atenções do Governo.”
 b) “Não só o professor,  mas também o médico merece as atenções do Governo.”
H) O verbo ficará no singular se o sujeito é um substantivo coletivo no singular:
a) “O pelotão descansou após a batalha.”
 b) “O enxame penetrou na sala.”
Obs. Caso o sujeito coletivo tenha substantivo no plural, o verbo ficará gramaticalmente no singular, mas poderá ficar no singular, se a intenção for enfatizar a ação individual dos elementos da expressão coletiva:
a) “Um enxame de abelhas invadiu a casa.”
 b) “O enxame de abelhas invadiram a casa, por todos os lados.
Obs. Há uma diferença se sentido no verbo invadir. Em “a” você imagina o enxame entrando em massa. Em “b”, imaginamos o enxame disperso, as abelhas não são vistas como um enxame. Podem ser vistas, individualmente, em todos os lugares da casa.
I) As expressões a maior parte, grande número etc deixam  o verbo gramaticalmente no singular, mas pode levar o verbo a concordar, por atração, no plural, com o substantivo, se houver substantivos nessas expressões coletivas:
a) “A maior parte faltou à aula.”
 b) “A maior dos alunos faltou à aula.
 c) “Grande número de peixes morreram com a poluição”.
 d) “Grande número de peixes morreu com a poluição.”
J) Com as expressões um e outro, nem um nem outro, o verbo pode ficar no singular ou no plural, indiferentemente.
a) “Um e outro merece / merecem o presente.”
 b) “Nem um nem outro compareceu / compareceram à reunião.”
L) A expressão um ou outro deixa o verbo no singular:
a) “Um ou outro remédio lhe fará bem.”
 b) “Uma ou outra jovem aceitará sua companhia.”
M) Com a expressão um dos que, o verbo deve ficar no plural. Essa expressão indica que algo ou alguém se destaca de um grupo de coisas ou pessoas.
Atualmente há uma tendência em deixar o verbo no singular, por atração com a palavra um:
a) “Geraldo é um dos que mais trabalham por essa escola.”
 b) “O Colégio Carmela Dutra é um dos que mais se esforçam para educar o aluno.”
A concordância feita gramaticalmente se baseia, por exemplo, na letra “a”, no fato de que várias pessoas trabalham muito pela escola, e que Geraldo é uma dessas pessoas.
N) A expressão mais de um deveria deixar o verbo gramaticalmente no plural, mas, como no item anterior, há uma tendência em se deixar o verbo no singular, por atração com a palavra um:
a) “Mais de um aluno ficou em recuperação.”
 b) “Mais de um aluno ficaram em recuperação.”
Às vezes, a idéia de plural dessa expressão fica mais evidente quando há reciprocidade.
Neste caso, a concordância por atração seria inadmissível: o verbo tem de ficar no plural:
a) “Mais de um deputado se agrediram na Câmara.”
 b) “Mais de uma candidata se abraçaram após a divulgação do resultado.”
O) Embora a Norma Culta aconselhe que, no casos de expressões com pronomes pessoais, a concordância se faça com a pessoa gramatical que prevalecer, ela aceita a concordância por atração.
Nas expressões quais de vós e alguns de nós, por exemplo, há pessoas gramaticais diferentes dentro de cada uma delas: quais (3ª pessoa do plural) e vós (2ª pessoa do plural); alguns (3ª pessoa do plural) e nós (1ª pessoa do plural):
a) “Quais de vós aceitareis essa verdade ?”
 b) “Quais de vós aceitarão essa verdade ?”
 c) “Alguns de nós faremos tudo para aprender.”
 d) “Alguns de nós farão tudo para aprender.”
 e) “Quantos de nós não teremos amado em vão ?”
 f) “Quantos de nós não terão amado em vão ?”
Em “a”, “c” e “e”, a concordância se faz, gramaticalmente, com aquela pessoa gramatical que, de conformidade com a Norma Culta, deve prevalecer. Nos demais exemplos, a concordância se faz por atração com o pronome indefinido interrogativo.
P) Na situação de sujeitos, o pronome quem leva o verbo, gramaticalmente, à 3ª pessoa, e que deixa o verbo na mesma pessoa em que estiver o nome antecedente:
a) “Eras tu quem sonhava com esta viagem.”
 b) “Somos nós quem se encarregará disso tudo.”
 c) “És tu que mereces o prêmio.”
 d) “Fui o primeiro que terminou a prova.”
Essa regra não é rígida:
a) “Sou eu quem paga isso.” (concordância gramatical)
 b) “Sou eu quem falo agora.” (concordância por atração com o sujeito da oração anterior).
Q) Alguns nomes próprios locativos, embora estejam no plural, se referem a um local único ou unificado. Estados Unidos, Países Baixos, Campinas,  Minas Gerais, Campos Elísios, Laranjeiras, Ramos,  Umbuzeiros etc. Alguns desses nomes ainda guardam o sentido de unificação de unidades distintas. Nesse caso, até hoje aceitam o artigo plural.
São exemplos em que o sujeito leva o verbo ao plural:
a) “Os Estados Unidos não aceitam mais imigração de mexicanos.”
 b) “Os Países Baixos não exportam mais tais produtos.”
Os demais nomes citados não têm artigo pluralizados e isso deixa claro que não se trata de um conjunto de coisas, embora tenham forma de plural. Sabemos que, enquanto Estados Unidos é um locativo que lembra a união de diversos estados confederados, os demais nomes são simples denominações de locais considerados unidades indecomponíveis.
Deixam, portanto, o verbo no singular:
a) “Campinas não fica tão distante.” (nome de cidade)
 b) “A Umbuzeiros ficou alagada.” (nome de rua)
 c) “Laranjeiras foi prejudicado pelas obras.” (nome de bairro)
A concordância não se faz com a palavra, mas com a idéia de localidade: “A cidade (Campinas)...”; “A Rua (Umbuzeiros)...”; “O bairro (Laranjeiras)...”
No caso de título de obras (livro, jornal, filme, peça teatral, novela, programa de rádio ou TV) esses títulos, ainda que tenham forma de plural , deixam o verbo no singular. O fato de terem artigo plural não muda essa regra: o verbo estará concordando com a idéia singular de romance, jornal, filme etc):
a) Os Lusíadas emociona os portugueses até hoje”.
 b) “Bonés é acentuado graficamente.”
 c)Paulo Afonso foi considerada um monumento nacional.”
 d)Os Trapalhões hoje começará  às oito horas.”
 e)Dois-pontos não será empregado nessas frases.”
 f)Quatro-olhos não larga os livros nunca.”
Essa concordância que se faz, não com apalavra presente na frase mas com uma idéia, é chamada de concordância ideológica. Os nomes destacados em negrito são formas resumidas:  obra Os Lusíadas, palavra bonés, cachoeira  Paulo Afonso,  programa Os Trapalhões, sinal dois-pontos, menino quatro-olhos (= de óculos).
Quando exemplos como esses aparecem com o verbo concordando, no plural, não se trata então de título de coisas ou pessoas, mas sim da pessoa ou coisa em si.
Aí a concordância se faz gramaticalmente:
a) “Bonés possuem abas.”
 b) “Os lusíadas inspiravam Camões.” (= os portugueses).
 c) “Os trapalhões desembarcam hoje no Galeão.”
 d) “Os dois pontos darão a vitória ao Flamengo.”
 e) “Do quarto dos gêmeos, quatro olhos olhavam fixamente para mim.”
R) Você já aprendeu que, se um verbo é impessoal, ele não tem sujeito, e se não tem sujeito, não ficará no plural como se tivesse concordando com um sujeito.
Então vamos apenas acrescentar o seguinte: o auxiliar de um verbo impessoal fica também impessoal, no singular:
a) “Devia haver nesse cofre dois mil reais.”
 b) “Deve fazer dois anos que ele se formou.”
S) A expressão de realce é que não interfere na concordância entre o sujeito e o verbo:
a) “Nós é que sabemos a verdade.”
 b) “As crianças é que falam com sinceridade.”
T) Com as expressões comparativas bem como, assim como, como, há sujeito composto. O verbo concordará com o primeiro núcleo, pois a intenção é destacar esse núcleo:
a) “O saci, bem como a mula-sem-cabeça, não existe”.
 b) “Paulo César, como seu pai, se formou em Biologia.”
Se, contudo, a intenção não é comparar, mas englobar os dois núcleos, o verbo irá para o plural:
a) “Tanto Paulo quanto Francisco conseguiram aprovação.”
 b) “A matemática bem como a Filosofia devem ser estudadas.”
U) Verbos que indicam marcação de horas, como bater, soar, dar, concordam com o número de horas indicado no sujeito:
a) “Iam dar duas horas.”
 b) “Naquele momento, começaram a bater as seis horas.”
 c) “Soavam as dez horas, quando cheguei.”
 d) “Bateram nove horas na torre da igreja.”
Se o sujeito for expressões como relógio, sino, o verbo concordará com elas:

Portal São Franscico

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