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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Islã

O islã teve origem na Arábia e ainda hoje está intimamente relacionado à cultura árabe. Entre outras razões, porque o livro sagrado dos muçulmanos, o Corão ou Alcorão, foi escrito em árabe. Em conseqüência, o elemento árabe é importante no islã, embora hoje só uma minoria dos muçulmanos seja árabe. O islã está amplamente difundido em vastas regiões da África e da Ásia, e é praticado por uma sétima parte da população do mundo (por volta de 15%). Atualmente é a segunda maior religião do planeta depois do cristianismo, e grandes levas de imigrantes asiáticos e africanos o transformaram também na maior religião de minorias étnicas na Europa. A palavra árabe  íslam  significa "submissão". E um significado forte. Percebe-se na raiz do nome algo essencial nessa religião: o homem deve se entregar a Deus e se submeter
a Sua vontade em todas as áreas da vida. Trata-se da condição para ser muçulmano, palavra árabe que tem a mesma raiz que íslam.
Como religião, o islã não compreende apenas a esfera espiritual, mas todos os aspectos da vida humana e social. A interpretação da lei, o direito, sempre ocupou um lugar relevante na história do islã. Na maioria dos países islâmicos, os que têm conhecimentos jurídicos costumam atuar como líderes religiosos. Não existe um sacerdócio organizado. Uma descrição geral do islã  se divide em três tópicos principais:
* credo (monoteísmo e revelação);
* deveres religiosos (os cinco pilares), e
* relações interpessoais (ética e política).

Obrigações religiosas — os cinco pilares

As obrigações religiosas dos muçulmanos são considerad
cinco pilares":

* o credo;
* a oração;
* a caridade;
* o jejum, e
* a peregrinação a Meca.


Leia Também:


Mohamad ziad - محمد زياد

Fonte

Gaarder, Jostein, 1952-
O livro das religiões / Jostein Gaarder, Victor Hellern,
Henry Notaker ; tradução Isa Mara Lando ; revisão técnica
e apêndice Antônio Flavio Pierucci. — São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

O Budismo Étnico na Religiosidade Nikkey no Brasil:Aspectos Históricos e Formas de Sobrevivência Social

Nesse artigo tenho a intenção de desenvolver mais conceitualmente a idéia de um Budismo étnico através das categorias de grupo étnico e identidade, citando os elementos históricos que justifiquem o conceito no caso dos nikkeis (descendentes de japoneses) no Brasil. Meu objetivo é com isso continuar uma tipologia que foi defendida em um artigo anterior, na qual foi proposta uma divisão entre um Budismo intelectualizado e um Budismo de resultados, desenvolvida no caso dos convertidos . No caso do Brasil constata-se que o
Budismo dos imigrantes, especialmente o japonês, vem se deparando a anos com o dilema de abertura ou extinção, com a progressiva integração cultural dos descendentes e o desaparecimento   das   primeiras   gerações   de   imigrantes.   Essa   situação   vem   se desenvolvendo em quase todos os templos que não têm tido como prioridade uma abertura aos brasileiros. No entanto, ainda existe uma persistência da identidade étnica através das gerações, que tem se tornado essencial na estratégia de sobrevivência social de muitos templos, na qual as adaptações têm se realizado priorizando os descendentes. Essa
estratäegia supõe que uma religiosidade étnica pode ser simultânea a uma adaptação inguística e cultural, o que pode ser explicado utilizando um conceito de etnicidade independente da preservação cultural e centrado na dinamicidade da interação social, a partir do foi proposto pelo antropólogo Fredrik Barth.


Fonte:
Rafael Shoji raffas@attglobal.net
Revista de Estudos da Religião Nº 4 / 2002 / pp. 47-80

Uma perspectiva analítica para os convertidos ao Budismo japonês no Brasil

Nos últimos anos existem diversos indicadores que mostram que a presença do Budismo no Ocidente tem se intensificado . Se por um lado o número de adeptos ainda é percentualmente pequeno, o Budismo tem tido uma presença constante na mídia e tem exercido uma influência considerável no mundo religioso contemporâneo. Essa atração pelo Budismo no mundo ocidental tem também como fator catalisador a presença de um grande número de imigrantes asiáticos, que foram se estabelecendo em diversas correntes
imigratórias no decorrer desse século. A partir desses dois fatores, que se fazem presentes de   forma   histórica   e   atual,   estabeleceram-se   e   vem   se   estabelecendo   diversas comunidades em diversos países ocidentais, representando diferentes doutrinas budistas e apresentando diferentes graus de atração.


Fonte:
Rafael Shoji raffas@attglobal.net
Revista de Estudos da Religião Nº 2 / 2002 / pp. 85-111

Confucionismo

CONFÚCIO (551-479 A.C.)
Há alguma incerteza quanto às origens de Confúcio, mas é provável que ele tenha nascido numa família aristocrática empobrecida. Recebeu uma boa educação e se tornou um sábio, atraindo muitos discípulos. Algumas de suas interpretações da filosofia antiga e das tradições, em especial quando ele tocava em assuntos relacionados a ética e filosofia social, foram inovadoras.

Confúcio acreditava que o Céu o escolhera para revitalizar a cultura e a moralidade estabelecidas pelos sagrados imperadores em tempos antigos. Só que ele não organizou suas idéias em nenhum sistema simples, nem as registrou ele mesmo, motivo por que elas chegaram até nós apenas por meio dos escritos de seus discípulos.

Confúcio teve um efeito decisivo no desenvolvimento da China. Após sua morte, os discípulos começaram a difundir e ampliar suas idéias. O confucionismo acabou se tornando uma espécie de religião estatal da China, chegando muitas vezes a atacar outras religiões, como o budismo  e o taoísmo. Foram construídos
templos em honra a Confúcio e se ofereciam sacrifícios a ele na primavera e no outono, assim como se ofereciam sacrifícios ao Céu.
Apesar disso, deve-se enfatizar que o confucionismo nunca havia sido uma religião independente. Falando-se mais precisamente: o termo abrange uma série de idéias filosóficas e políticas que formavam os pilares do governo e da burocracia da China imperial, muito embora a ética do confucionismo também permeasse amplas camadas da população chinesa. É típica dessa tradição sua visão política pragmática e seu interesse pelas questões sociológicas reais, como a educação dos filhos, o papel do indivíduo na sociedade, as regras corretas de conduta etc. Seu interesse pelas questões religiosas e metafísicas é muito menor.

 Leia o texto completo

Fonte:

O livro das religiões / Jostein Gaarder, Victor Hellern,
Henry Notaker ; tradução Isa Mara Lando ; revisão técnica
e apêndice Antônio Flavio Pierucci. — São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Hinduísmo

O QUE É O HINDUÍSMO?

Diferentemente das outras religiões mundiais (budismo, cristianismo e islã), o hinduísmo não tem fundador, nem credo fixo nem organização de espécie alguma. Projeta-se como a "religião eterna" e se
caracteriza por sua imensa diversidade e pela capacidade excepcional que vem demonstrando através da história de abranger novos modos de pensamento e expressão religiosa.

A palavra hinduísta significa simplesmente "indiano" (da mesma raiz do rio Indo), e talvez a melhor maneira de definir o hinduísmo seja dizer que é o nome das várias formas de religião que se desenvolveram na Índia depois que os indo-europeus  abriram caminho  para a Índia do Norte, de 3 a 4 mil anos atrás. O cristianismo e o judaísmo também têm uma história que se estende por milhares de anos, mas o peculiar no
hinduísmo é que todos os seus estágios históricos são visíveis simultaneamente. Apesar de sua complexidade, ainda se pode experimentar o hinduísmo como um todo. Assim, ele já foi comparado a
uma floresta tropical, onde várias camadas de animais e de plantas se desenvolvem num grande meio ambiente.

As raízes do hinduísmo podem ser encontradas em algum ponto entre o ano 1500 a.C. e o ano 200 a.C., quando os chamados arianos (isto é, os "nobres") começaram a subjugar o vale do Indo. As crenças dessas pessoas tinham ligação com outras religiões indo-européias, como a grega, a romana e a germânica. Sabemos disso pelos chamados hinos védicos (da palavra Veda, ou seja, "conhecimento"), que eram recitados por sacerdotes durante os sacrifícios a seus muitos deuses. O Livro dos Vedas consiste em quatro coletâneas, das quais certas partes datam de cerca de 1500 a.C.
O sacrifício era importante para o culto ariano. Faziam-se oferendas aos deuses a fim de conquistar seus  favores e manter sob controle as forças do caos. Achados arqueológicos no vale do Indo indicam que houve uma civilização avançada na Índia,  anterior  à chegada dos indo-europeus, e é certo que essa civilização também contribuiu para o hinduísmo moderno. A época conhecida como período védico tardio, de 1000 a.C. até 500 a.C., marcou uma virada crucial no desenvolvimento religioso da Índia. Importância especial tiveram os  Upanishads,  que até hoje são os textos hinduístas mais lidos. Foram escritos sob a forma de conversas entre mestre e discípulo, e introduzem a noção de Brahman, a força espiritual essencial em que se baseia todo o universo. Todos os seres vivos nascem do Brahman, vivem no Brahman e ao morrer retornam ao Brahman.


Fonte:

O Livro das Religiões, Gaarder Jostein São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Budismo

A VIDA DO BUDA

O fundador do budismo foi o filho de um rajá, Sidarta Gautama (560-480 a.C.), que viveu no Nordeste da Índia. Sobre sua vida há várias histórias, mais  ou menos lendárias, mas os pontos de maior destaque são os seguintes:

O PRÍNCIPE SIDARTA

O príncipe Sidarta cresceu no seio da fortuna e do luxo. O rajá ouvira uma profecia de que seu filho ou se tornaria um poderoso governante ou tomaria o caminho oposto e abandonaria o mundo por completo. Esta última opção aconteceria se lhe fosse permitido testemunhai as carências e o sofrimento do mundo. Para evitar que isso ocorresse, o rajá tentou proteger o filho contra o mundo que ficava além das muralhas do palácio, ao mesmo tempo que o cercava de delícias e diversões. Ainda jovem, Sidarta se casou com sua prima e mantinha também um harém de lindas dançarinas.

Aos 29 anos Sidarta experimentou algo que haveria de ser o ponto crucial de sua vida. Apesar da proibição do pai, ele se arriscou a sair do palácio e viu, pela primeira vez, um velho, um homem doente e um cadáver em decomposição. Entretanto, depois dessas impressões desanimadoras, avistou um asceta com a
expressão radiante de alegria. Percebeu então que uma vida de riqueza e prazer é uma existência vazia e sem  sentido. E se perguntou: haverá alguma coisa que transcenda a velhice, a doença e a morte? Sidarta também se sentiu tomado por uma grande compaixão pela humanidade e um chamado para livrá-la do sofrimento. Imerso em pensamentos, voltou ao palácio e na mesma noite renunciou à sua agradável vida de príncipe. Sem se despedir, abandonou esposa e filho, e partiu para uma vida de andarilho.

A LEI DO CARMA

O budismo cresceu dentro do hinduísmo como um caminho individual para a salvação. As duas religiões têm muitos conceitos em comum: as doutrinas do renascimento, do carma e da salvação. Para Buda, um ponto de partida óbvio é que o ser humano é escravizado por uma série de renascimentos. Como todas as ações têm conseqüências, o princípio propulsor por trás do ciclo nascimento-morte-renascimento são os pensamentos do homem, suas palavras e seus atos (carma).

Também nós podemos passar pela experiência de ver que certas coisas que pensamos ou fizemos em determinada época da vida nos afetaram mais tarde. Podemos sentir que nosso passado nos alcançou. É essa mesma idéia  que percorre o hinduísmo e o budismo. A diferença é que os orientais vêem essa relação como algo estritamente regulado — e que se estende de uma vida a outra. O tipo de vida em que o indivíduo vai renascer depende de suas ações em vidas anteriores. O homem colhe aquilo que plantou. Não existe "destino cego" nem "divina providência". O resultado flui automaticamente das ações. Portanto, é tão impossível fugir de seu carma quanto escapar  de sua própria sombra. Enquanto o ser humano tiver um carma, ele está fadado a renascer.

Embora se possa dizer que a lei do carma possui um certo grau de justiça, ela é vista, no hinduísmo e no budismo, como algo um tanto negativo, algo de que se deve escapar. Assim, a salvação consiste em ser libertado do círculo vicioso dos renascimentos. A eterna série de reencarnações costuma ser comparada a um rio que separa o homem do nirvana. O objetivo do budismo, comum com os outros caminhos indianos para a salvação, é encontrar a "passagem" por onde se pode atravessar para a outra margem.

Buda rompe radicalmente com essa doutrina ao negar que o ser humano tenha alma e ao rejeitar a existência de um espírito universal. De acordo com o budismo, a alma é tão fugaz como tudo o mais neste mundo. O fato de um homem achar que é um "eu", ou uma alma, baseia-se na ignorância, e essa ignorância tem conseqüências graves, uma vez que promove o desejo, e é o desejo que cria o carma do indivíduo.

O budismo vê a vida humana como uma série ininterrupta de processos mentais e físicos que  alteram o homem de momento a momento. O bebê não é a mesma pessoa que o adulto, e o adulto não é a mesma pessoa que era ontem. E como as imagens numa tela de cinema: movem-se muito depressa e não conseguimos perceber que o filme é "artificial", que não é algo "vivo". Na realidade, o filme é a soma das imagens individuais ou de uma série de instantes. "De nada mais posso dizer: 'Isto é meu'", ensinava Buda, "e de nada posso dizer: 'Isto sou eu.'" Ambas as coisas são ilusões. Não há um núcleo imutável da personalidade, não existe um "eu", um ego. Tudo é constituído de fatores existenciais impessoais que formam combinações fadadas a decair. Tudo é transitório.

Fonte:

Gaarder, Jostein, 1952- O livro das religiões, São Paulo: Companhia das Letras, 2000.


segunda-feira, 9 de abril de 2012

O SAGRADO E O URBANO: DIVERSIDADES, MANIFESTAÇÕES E ANÁLISE

Resumo

O livro encerra série de pequenos trabalhos de autores diversos. Reúne algumas contribuições do VII Simpósio da Associação Brasileira de História das Religiões, do I Simpósio de Ciências da Religião e do XIX Ciclo de Palestras e Debates do Núcleo de Estudos em Teologia realizados na PUCMinas. O título do livro não corresponde perfeitamente à diversidade das colaborações que têm perspectivas independentes da relação entre Sagrado e Urbano.

Texto Completo: PDF

Fonte:

Perspectiva Teológica, Vol. 41, No 115 (2009)

João Batista Libanio



quinta-feira, 5 de abril de 2012

Mitologia Grega



O Espanto é o princípio da mitologia grega. Deixar-se dominar pelo Espanto é o primeiro passo para participarmos do mundo grego, cujos deuses e heróis, em suas aventuras e desventuras, constituem o cerne deste curso. Poucos são os momentos em que conseguimos vislumbrar o mundo cheio de deuses, raros os momentos em que andamos no mundo percebendo a extraordinária estranheza de tudo o que nos cerca:
falta-nos o olhar limpo e penetrante da criança, que tem a coragem de contemplar e indagar pelo princípio de tudo ao seu redor. Em nossa pressa e objetividade, espremidos pelos intervalos angustiantes do ponteiro do relógio, em nossas certezas e opiniões, nunca  nos  permitimos  o  ócio  sagrado  para  nos  perguntar  o  sentido  desta  vida,  e perdemos a magia e a poesia que constroem o nosso mundo: é então que os deuses
gregos podem vir ao nosso auxílio, se tivermos a sorte de nos encontrar com o Espanto originário que lhes é peculiar.  Leia artigo completo



Fonte:

 Sala de Estudos ( é um espaço interdisciplinar que, atualmente, congrega grupos de estudos sobre filosofia e literatura.)

A RELIGIÃO GREGA ANTIGA


Resenha de: MIKALSON, J. D. Ancient Greek Religion. Malden: Blackwell, 2005, 228 pp. 

  Jon D. Mikalson, catedrático da Universidade da Virginia, nos Estados Unidos, é
autor do clássico Athenian Popular Religion (1983), renomado estudioso da religiosidade
grega. Este volume pretende ser uma introdução à religião grega, de forma inovadora, ao
enfatizar a integração da tradição literária com as fontes arqueológicas e ao dar ênfase à
práxis quotidiana. Distancia-se, pois, dos modelos normativos, para explorar a imensa
variedade de expressões religiosas gregas antigas. Enfatiza, ao logo de todo o volume,
que a religiosidade grega expressava-se, no dia-a-dia, de formas sempre muito locais e
particulares. Por isso mesmo, opta por descrevê-la em sua diversidade.

  Inicia com os santuários e o culto e com a centralidade do altar e do lugar sagrado
(temenos) e a função do sacerdote (hiereus) e da sacerdotisa (hiereia), que no quotidiano
não se distinguiam das outras pessoas. Examina, também, a terminologia usada para
designar os santuários. Volta-se, em seguida, para os deuses e heróis, cujas histórias
eram de caráter essencialmente local, variando, portanto, muito. Mesmo os doze deuses
olímpicos e pan-helênicos só existiam nos relatos específicos a cada comunidade. Por
isso  mesmo,  descreve  sete  mitos  de  culto  e  cinco  cultos  principais,  com  aporte
substancial da Arqueologia. 

  O  capítulo  dedicado  à  religiosidade  familiar  e  aldeã  mostra  a  importância  do
patriarcado e da preservação da memória familiar. A tumba era de primordial importância,
como lembrança (mneme) e monumento (mnema), assim como os rituais da fertilidade,
como no caso das Dionisíacas rurais. As mulheres, apesar da segregação, exerciam
importantes funções religiosas. Em Atenas, havia cerca de quarenta funções sacerdotais
femininas e, em cultos como o de Esculápio (Asclepius), as mulheres se destacavam em
oferendas e agradecimentos, como atestam muitas inscrições reproduzidas no volume. As
festas religiosas e funerais eram os momentos nos quais as mulheres eram vistas em
                                               
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¹ Professor Titular de História Antiga, DH/IFCH/Unicamp e Coordenador-Associado do Núcleo de Estudos
Estratégicos (NEE/Unicamp),
ppfunari@uol.com.br.

público e Mikalson lembra que ali surgiam os flertes, como se fosse a religião a permitir a
fertilidade. A religião políade também merece destaque, com sua preocupação com a
fertilidade das colheitas, dos animais e dos seres humanos, assim como com a saúde, a
prosperidade econômica, a segurança marítima e com as identidades locais. 

  O  capítulo  dedicado  ao  indivíduo  é  particularmente  original,  ao  tratar  de  um
aspecto menos explorado pelos estudiosos. Ainda aqui, enfatiza como a religiosidade
individual só tinha sentido em sua comunidade local e como os deuses da tragédia – com
os quais temos familiaridade – diferiam das divindades da prática religiosa. Ao voltar-se
para  o  tema  da  morte  e  do  além,  propõe  que  essa  distinção  fosse  muita  marcada.
Enquanto a tradição literária mencionava um certo tipo de sobrevivência após a morte, as
inscrições  efetivamente  encontradas  mostram  que  nada  esperavam.  Os  epitáfios  só
mencionam a permanência da lembrança do morto, não de sua continuidade, de que
forma  fosse.  Reconhece,  contudo,  que  esta  generalização  deve  ser  matizada  pela
existência de cultos de mistérios que, aparentemente, prometiam um além menos vazio.
O volume conclui com um estudo da posteridade helenística, com ênfase nas novas
características da religiosidade, da incorporação de divindades como a sacralização do
poder real. 

  As  principais  contribuições  originais  do  volume  consistem  no  uso  da
documentação  e  no  foco  nas  especificidades.  O  livro  está  salpicado  de  trechos  de
documentos da tradição literária, comentados, complementados por um amplo recurso às
fontes arqueológicas, na forma de inscrições, edifícios, vasos, estatuária, entre outros.
Isto permite ao leitor examinar os argumentos do autor que, de maneira muito apropriada,
alerta que cada uma de suas interpretações já foi contestada por alguém. Esta atitude é
muito salutar, pois, ao mesmo tempo em que apresenta um quadro coerente, alerta para a
inevitável  subjetividade  do  discurso  historiográfico.  Em  seguida,  mas  não  menos
relevante, afasta-se dos modelos normativos, que tendem a homogeneizar a sociedade

grega,  assim  como  estilhaça  o  conceito  de  pertencimento  (belonging).  Articula  seu
discurso  em  torno  da  diversidade  e  da  heterogeneidade,  das  identidades  fluidas  e
contextuais, com pertencimentos múltiplos e mutáveis. A religiosidade grega aparece com
muito mais multifacetada e diversa, assim como os seus praticantes muito mais variados
e inconstantes. Isto se explica, em parte, por seu interesse reiterado pela religiosidade
popular, expressa não só em seu clássico de 1983, como em Honor thy gods: popular

religion in Greek Tragedy, de 1991. A especificidade das manifestações populares já o
havia levado a questionar as interpretações totalizantes, mas foram as discussões da
teoria  social  das  últimas  décadas  a  sedimentar  sua  postura  crítica  aos  modelos
normativos. Por todos estes méritos, deve saudar-se esta obra introdutória de leitura tão
agradável e prazerosa. 


Fonte:

¹Pedro Paulo Abreu Funari

quinta-feira, 29 de março de 2012

DESTINO DA ALMA - DESTINO DA PÓLIS: RELIGIÃO POLÍADE, ORFISMO E SUAS RELAÇÕES COM A CIDADE

Ao lado da religião cívica grega, cultos foram instituídos no núcleo da sociedadegrega. Este cultos funcionavam de forma paralela e, por vezes, contrária à religião estabelecida.Estas manifestações religiosas como Eleusis, os cultos à Dionísio e, posteriormente, os cultosórficos, propuseram visões do sagrado estranhas a religião oficial. Desta forma, estasfreqüentemente afirmavam uma visão de mundo divergentes daquelas que formavam e, dealgum modo, mantinham a unidade no modo de pensar o papel dos cidadãos na cidade. A partirde alguns elementos principais das relações entre a religião cívica e o estado-cidade, estetrabalho pretende levantar questões sobre o tipo de relação que a religião órfica-dionisíacamantinha na cidade. A partir destas questões, este estudo também visa pensar as conseqüenciasmais visíveis desta relação com a estrutura da cidade grega. Uma vez que estes cultos demistério eram baseados na idéia da alma sobrevivendo após a morte do corpo, surge um novoideal para o homem grego: a saúde em estar morto como um objetivo maior em vida. Ao proporeste tipo de relação para os cidadãos, estes cultos se tornaram um elemento desagregador eheterogêneo e, portanto, não benéfica para a estrutura da cidade. Seguindo esta linha, esteartigo propõe olhar para a religião misteriosa como uma religião do saudável além da vida e alémda cidade. Texto Completo: PDF


Religião e magia na Antiguidade Tardia



Durante a Antiguidade Tardia, o Império Romano atravessou um período de modificações das suas estruturas administrativas e sociais, pelo que compreende um contexto de continuidades e rupturas com antigas práticas e instituições. Este artigo tem como objetivo analisar a obra De Mysteriis Ægyptiorum, de Jâmblico de Cálcis, e estabelecer alguns paralelos entre o contexto histórico do autor e a confluência entre neoplatonismo e magia no interior das suas concepções filosóficas.
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quinta-feira, 22 de março de 2012

Papel essencial da tribo e da família - Religiao Africana

O termo  tribal,  quando associado às religiões africanas,oferece-nos uma chave para compreender algo essencial sobre elas.
A tribo — ou o clã, grupo de parentesco ou família extensa — forma o arcabouço para a existência diária do africano. O respeito por essa instituição é mais importante do que o respeito pelo indivíduo. O que é especial no conceito que esses africanos têm de  família (ou tribo) é que ela compreende, além dos vivos, os mortos. O  ancestral permanece próximo à tribo; torna-se uma espécie de espírito  vivendo num mundo à parte, ou pairando sobre o lar para garantir  que seus descendentes observem os costumes.

O costume, ou a organização da sociedade, ou ainda a "constituição", para usar um nome mais moderno, foi estabelecido quando a tribo passou a existir, numa época que os mitos chamam de "o princípio dos tempos".
 O dever dos vivos é assegurar a preservação dessa organização, o que se consegue obedecendo cuidadosamente a todas as regras e, acima de tudo, fazendo sacrifícios aos espíritos dos ancestrais. Entretanto, a família não consiste apenas nos vivos e nos mortos, mas também nos ainda não nascidos, nos descendentes. E dever do indivíduo dar continuidade à família. Um dos piores infortúnios pessoais é morrer sem deixar filhos. Quando uma família se extingue, a conexão dos espíritos ancestrais com a Terra é cortada, pois não sobra ninguém para manter contato com eles. Assim, se um homem tem mais de uma esposa e gera muitos filhos, sua alma fica  em paz. Ele sabe que depois da morte sua alma não será forçada a vagar pelo espaço vazio, desconectada da Terra, pois estará sempre ligada a alguém. Uma das tarefas mais importantes do homem é tomar conta do território que foi outorgado à tribo por seus pais fundadores, terra que, por sua vez, será passada aos descendentes dele. Em outras palavras, não há propriedade privada da terra e ela não pode ser vendida aos pedaços.

DEUSES E ESPÍRITOS

Baseando-se nos mitos, que nunca eram escritos, mas passados oralmente de geração em geração, os estudiosos já tentaram descobrir o que caracteriza a crença divina dos africanos. Na maioria das tribos existe a crença num  deus supremo, embora este receba muitos nomes. Normalmente associado ao céu, é
ele que concede a fertilidade, e em alguns mitos é representado ao lado da deusa associada à terra.
Foi esse deus supremo que criou todas as coisas vivas, os animais e o ser humano. Foi ele ainda o responsável pelos decretos que regulam a sociedade, pelos costumes a que a tribo tem o dever de obedecer. Com freqüência ele é também o  deus do destino,  que governa a vida dos seres humanos e controla a boa ou má fortuna da tribo.
As vezes, esse ser supremo é chamado de "deus em repouso",por estar remotamente afastado da vida cotidiana. Certos mitos  relatam que havia um contato íntimo entre o deus e o homem no início dos tempos, quando tudo era bom; só que houve um desentendimento e o deus se afastou. É apenas em circunstâncias excepcionais, quando as pessoas estão passando por graves necessidades, que elas recorrem ao deus supremo. De modo geral, não  precisam perturbá-lo, preferindo se voltar para  deuses e espíritos menores.

Esses outros deuses, forças  e espíritos se encontram nas florestas, nas planícies e nas montanhas, nos rios e nos lagos. São intimamente associados a fenômenos naturais distintos: o raio e o trovão, as grandes cachoeiras, uma primavera quente, alguma árvore enorme ou uma rocha com formato estranho. A religião ganda, praticada pelo povo Baganda, de Uganda, tem um  deus supremo chamado Katonda, porém o culto mais importante se dirige a uma constelação de divindades menores. Uma delas é o deus da água, Mukasa, o qual governa a fertilidade e a saúde. Há ainda o deus da guerra, Kibuka, que no passado exigia sacrifícios humanos. Também é costumeiro tratar os espíritos dos mortos com respeito; o culto aos antepassados é um dos aspectos mais típicos da religião africana. Leia o Texto completo

Fonte:

Trecho do Livro: Jostein Gaarder, O Livro das Religiões São Paulo:
Companhia das Letras, 2000.

VOCÊ SABIA?

VOCÊ SABIA? A logo do Bluetooth é a união das runas nórdicas Hagall e Berkanan, correspondentes às letras H e B do nosso alfabeto, sendo tam...