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segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Escritores brasileiros do Barroco


Padre Antônio Vieira (1608 – 1697)


Antonio Vieira nasceu em Lisboa, no ano de 1608, e veio ao Brasil aos seis anos de idade juntamente com sua família, que se fixou na cidade de Salvador. Anos mais tarde, matricula-se no Colégio dos Jesuítas onde estuda principalmente retórica, filosofia, matemática e teologia. Ingressa na Companhia de Jesus em 1623 e, após lecionar retórica, ordena-se sacerdote no ano de 1634 e prossegue pregando sermões nas igrejas de Salvador.
Defensor dos direitos humanos, dos indígenas, dos judeus, dos cristãos-novos e da abolição da escravatura, Padre Antonio Vieira, além disso, criticou severamente alguns aspectos da Igreja e da Inquisição. Em um de seus sermões mais famosos, o da Sexagésima, o padre, munido de metáforas, traz a ideia contida na Parábola do Semeador para reforçar a premissa de que um dos problemas da Igreja está naqueles sacerdotes que não se esforçam em disseminar a palavra de Deus. 
Volta para Portugal no ano de 1641 como diplomata após a Restauração da Coroa contra a Espanha. Volta para o Brasil e instala-se no Maranhão. Lá, desentende-se com os senhores de escravos, pois era de opinião contrária à escravidão indígena, e decide voltar para Lisboa. Em Portugal, defende os judeus, o que lhe rendeu dois anos de prisão pela Inquisição em Coimbra. Após ser anistiado, vai a Roma, onde consegue influência junto ao alto escalão da Igreja Católica.
Regressa ao Brasil em 1681 decidido a organizar a publicação de seus sermões, em 16 volumes, e permanece em Salvador até falecer em 1697.

Obras
Considerado um mestre na retórica e oratória, Vieira é conhecido pelos seus sermões, pelas cartas e por um livro de profecias não concluído. Sua obra continua sendo estudada nos dias de hoje não apenas no Brasil, pois Padre Antonio Vieria é um importante autor para as letras de língua portuguesa. 
Antonio Vieira escreveu cerca de duzentos sermões durante toda sua vida. Dentre eles, os mais famosos são: da Sexagésima, da Quinta Dominga da Quaresma, de São Pedro, pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Conta as de Holanda, do Bom Ladrão, de Santo Antônio aos Peixes, dentre muitos outros. São escritos em estilo conceptista, utiliza-se da retórica para trabalhar suas ideias e conceitos.
Conhecido também pela sua vasta troca de correspondência, que somam mais de quinhentas cartas sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e a situação da Colônia.Em suas profecias, percebe-se o Sebastianismo, que é a crença no retorno de D. Sebastião a Portugal para transformá-la novamente em uma grande potência.


Gregório de Matos (1636 – 1696)


Poeta do movimento barroco brasileiro, Gregório de Matos Guerra nasceu no dia 23 de dezembro de 1636 em Salvador. Filho de pais abastados, seguiu a carreira jurídica e aos 19 anos foi a Portugal, com o intuito de cursar Direito na faculdade de Coimbra, onde trabalhou como juiz de fora na cidade de Alcácer do Sal (na região do Alentejo). Ainda em Portugal, é nomeado representante da Bahia nas cortes de Lisboa e, em 1672, torna-se procurador. Em 1679 é nomeado Desembargador da Relação Eclesiástica da Bahia pelo então arcebispo Gaspar Barata de Mendonça e, em 1682 é nomeado tesoureiro-mor da Sé pelo rei D. Pedro II de Portugal. Retorna ao Brasil em 1683, mas é destituído de suas funções por desacatar ordens da instituição religiosa, como a de não utilizar o vestuário exigido para seu cargo e, em 1685 é denunciado sob a acusação de que seus costumes e suas opiniões críticas não condiziam com esperado de alguém que exerce funções dentro de uma instituição sagrada. Nesse mesmo período, nutre inimizade tanto com pessoas influentes quanto com pessoas mais simples da sociedade baiana, o que acaba por gerar muitos dos seus poemas satíricos e eróticos, principalmente os de cunho religioso.
Devido a sua postura crítica, provoca a ira de um parente do governador-geral e é deportado para Angola em 1694. Lá chegando, auxilia a conter uma revolta militar local, recebendo como prêmio a possibilidade de retornar ao Brasil. Porém, na impossibilidade de retornar à Salvador, decide se instalar em Recife, onde permanece até falecer em 1696.

Obras
É considerado o primeiro poeta genuinamente brasileiro pois, anteriormente, os que escreviam na e sobre a colônia eram em sua maioria viajantes europeus ou jesuítas vindos principalmente de Portugal (Companhia de Jesus). Além disso, é responsável por uma vasta obra poética que começou a ser organizada e publicada nas primeiras décadas do século XIX.
Gregório de Matos é autor de poesias satíricas sobre autoridades civis e religiosas e ridicularizando costumes da cidade que lhe desagradavam, sua língua afiada e a mordacidade de seus versos lhe renderam o apelido de “Boca do Inferno”. Sua obra está dividida em três grandes temáticas: satírica (também conhecida por ser erótica e pornográfica), religiosa e amorosa as quais abarcam tanto o estilo cultista (valorização da forma) quanto o conceptista (valorização do conteúdo).
Embora Gregório de Matos exercesse fascínio por muitos estudiosos e críticos literários, sua obra só se tornou acessível ao público quando, entre os anos de 1923 e 1933, a Academia Brasileira de Letras publicou uma coletânea em seis volumes com toda a sua obra. Antes disso, a impressão de material na colônia sem autorização da corte era proibida e seu material era publicado em manuscritos e divulgado de mão em mão. Só mais adiante sua obra foi transformada em códices, o que permitiu que numerosos jornalistas e estudiosos das letras brasileiras se debruçassem sobre seus poemas e publicassem poemas e fragmentos em periódicos e antologias. O mais conhecido desse é o Florilégio da Poesia Brasileira (1850), uma compilação de 39 poemas de autoria do historiador Francisco Adolfo de Varnhagen e publicado em Lisboa.


Manuel Botelho de Oliveira (1636 - 1711)

Cursa  Direito na Universidade de Coimbra (Portugal). De volta ao Brasil, passa a exercer a advocacia; também atua como vereador da Câmara de Salvador BA. Em 1694 torna-se capitão-mor dos distritos de Papagaio, Rio do Peixe e Gameleira, cargo obtido em função de empréstimo de 22 mil cruzados para a criação da Casa da Moeda na Bahia. Em 1705 ocorre em Lisboa (Portugal) a publicação de seu Música do Parnasso, o primeiro livro impresso de autor nascido no Brasil. Poeta barroco, Manuel Botelho de Oliveira convive com Gregório de Matos (1636 - 1696) e versa sobre os temas correntes da poesia de seu tempo. No entanto, segundo o crítico Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919 - 1992), "uma das composições da Música do Parnasso tem caráter diferente das demais: é a silva 'À Ilha da Maré', gabada por seu nativismo, ou seja, pela exaltação dos frutos e legumes, que são colocados pelo poeta muito acima dos de Portugal. É composição por vezes sem grande tacto, mas deu origem a uma fila de trabalhos ufanistas, de Santa Maria Itaparica a Santa Rita Durão".

Frei Manuel de Santa Maria Itaparica (1704 - 1768)


Faz estudos no Convento de Paraguaçu, da Ordem Seráfico de São Francisco, entre 1710 e 1720 em
Salvador BA. A partir de 1920, torna-se professor da Ordem. Em 1753 são publicados seus Poemas Avulsos  e, em 1769, a obra Eustáquidos, pela qual se torna mais conhecido. Poeta barroco, Manuel de Santa Maria Itaparica contribui, segundo o crítico José Aderaldo Castello, "para o revigoramento da preferência em nossas manifestações literárias da poesia de inspiração e assunto religioso, na qual também é frequente a expressão do sentimento nativista, desde que houvesse possibilidades de referências ou de exaltação da terra".


Nuno Marques Pereira (1652 - 1731)

Nasceu na cidade de Cairú (BA) em 1652 e faleceu na cidade portuguesa de Lisboa no dia 09 de dezembro de 1728. Foi autor de uma das obras mais curiosas do barroco português, Compêndio Narrativo do Peregrino da América, publicado inicialmente em 1728. Muitos autores divergem quanto ao local de nascimento de Nuno Marques Pereira: alguns afirmam que ele é brasileiro; outros, que é português. Diogo Barbosa Machado, na Biblioteca Lusitana, diz que Nuno era “natural da Villa de Cairú, distante quatorze léguas da Cidade da Bahia de Todos os Santos, Capital da América Portuguesa”. Porém, ele dificilmente poderia ter adquirido sua grande erudição no Brasil — caso tenha nascido no País, certamente estudou em Portugal. A hipótese de que ele seria português ganha força ao se considerar que o autor faz crer que seja estrangeiro não só por se qualificar como Peregrino, título de seu livro, como por afirmar: “Não merece pouca estimação, o que, desprezando os mimos e regalos de sua Pátria, busca as alheias, para nelas se qualificar com mais largas experiências”.

Sebastião da Rocha Pita (1660 - 1738)

Nascido no ano de 1660 na Bahia, hoje cidade de Salvador, Sebastião da Rocha Pita foi um importante historiador e poeta do século XVII. É autor de, dentre outras, uma importante obra intitulada História da América Portuguesa (1730), produzida em um período em que a capacidade de contar a História de Portugal e do império luso-brasileiro compunham um quadro de preocupações centrais de um reino atribulado em legitimar-se frente a outras nações - onde o domínio da história e sua forma de escrita como iniciativa institucional congregaria em si essa função. Como um historiador de prestígio, compunha a ordem de letrados na Academia Real de História Portuguesa (1720-1736), ocupando o cargo de acadêmico supranumerário. No cenário brasileiro, foi membro e um dos fundadores da Academia Brasílica dos Esquecidos (1724) participando ativamente como poeta e historiador nas atividades realizadas nessa congregação, que pode ser concebida como um local privilegiado para se pensar e formular a história da América Portuguesa, em um período no qual “ o movimento academicista ajudou a desencadear uma nova percepção sobre o estatuto político do território colonial, estimulando assim, a reflexão sobre a natureza dos laços que prendiam a América ao Reino: amarras simultaneamente jurídicas, familiares, lingüísticas, econômicas e culturais."1 Formado na Escola de Jesuítas da Bahia e mestre em Artes, o nome de Rocha Pita figura na lista2 de nomes de brasileiros formados na Universidade de Coimbra elaborada por Francisco Morais, tendo ido aos 16 anos. A formação em Portugal era um costume daqueles que tinham um prestígio social na ´colônia e que compunham assim, o quadro de letrados brasileiros. Ostentou ainda o título de coronel do regimento privilegiado de ordenanças, foi fidalgo da casa real, cavaleiro da ordem de Cristo e vereador em Salvador. Pai de três filhos, com Ana Cavalcanti, morre em 1738, na cidade de Cachoeira, onde desde o casamento fixou residência.

Frei Vicente do Salvador (1564 - 1636/1639)

nasce em Matuim, nas proximidades de Salvador. Estuda no Colégio dos Jesuítas na Bahia e diploma-se em teologia pela Universidade de Coimbra, Portugal. Ordena-se ao regressar ao Brasil, por volta de 1587. Exerce os cargos de cônego, vigário-geral e governador do bispado da Bahia, tornando-se depois franciscano. Entre 1603 e 1606 é missionário de uma missão na Paraíba. Viaja para o Rio de Janeiro, em 1607, e participa da fundação do Convento de Santo Antônio. Regressa a Salvador em 1624. Aprisionado na Baía de Todos os Santos pela esquadra holandesa, é logo liberado. Em 1627 conclui História do Brasil, uma das grandes obras do século XVII, pela autenticidade e fidelidade do relato. O manuscrito é encontrado pelo historiador Capistrano de Abreu na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1881, dois séculos e meio depois de escrito. Publicado em 1888, ganha a edição definitiva em 1918. Existem também referências à obra Crônica da Custódia do Brasil, escrita em 1618, cujos originais foram perdidos. Morre em sua cidade natal.

Bento Teixeira (1560 - 1618)

Poeta português nascido na cidade do Porto, Portugal, autor do primeiro poema épico da literatura brasileira, Prosopopéia, sobre a conquista de Pernambuco, marco inicial do barroco na  nossa literatura, e também sua única obra. Filho de cristãos-novos, a família transferiu-se para a capitania do Espírito Santo, na então colônia do Brasil (1567). Estudou em colégios jesuítas, tentou seguir a carreira eclesiástica, mas desistiu e casou-se com a cristã Filipa Raposa (1584), em Ilhéus, BA. Formou-se no Colégio da Bahia e transferiu-se em seguida para Pernambuco, onde se dedicou ao magistério, à advocacia e ao comércio. Acusado pela mulher de judeu e mau cristão, foi julgado e absolvido pelo ouvidor da Vara Eclesiástica da Inquisição (1589), depois de levado a auto-de-fé. Depois foi intimado pelo visitador do Santo Ofício, ao qual fez sua confissão (1594). Revoltado, assassinou a mulher (1594) e se refugiou no mosteiro de São Bento, em Olinda. Preso durante frustrada tentativa de fuga, foi enviado para Lisboa (1595), onde inicialmente negou, mas depois admitiu a crença e prática judaicas, que abjurou em auto-de-fé (1599). Na prisão em Lisboa, de onde não mais sairia vivo, o autor fez sua composição de elogio aos primeiros donatários de Pernambuco no poema épico Prosopopéia (1601), considerada uma expressão pioneira do nativismo. Tratava-se de uma composição em oitava rima, com 94 estrofes,  exaltando a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, donatário da capitania de Pernambuco, obedecendo ao modelo Camoniano, considerada cansativa e laudatória, de valor puramente histórico.

Fonte:

Wikipédia

SóLiteratura

SóHistória

Itau Cultural

Barroco no Brasil



 O Barroco foi introduzido no Brasil por intermédio dos jesuítas. Inicialmente, no final do século XVI, tratava-se de um movimento apenas destinado à catequização. A partir do século XVII, o Barroco passa a se expandir para os centros de produção açucareira, especialmente na Bahia, por meio das igrejas. Assim, a função da igreja era ensinar o caminho da religiosidade e da moral a uma população que vivia desregradamente.

Nos séculos XVII e XVIII não havia ainda condições para a formação de uma consciência literária brasileira. A vida social no país era organizada em função de pequenos núcleos econômicos, não existindo efetivamente um público leitor para as obras literárias, o que só viria a ocorrer no século XIX. Por esse motivo, fala-se apenas em autores brasileiros com características barrocas, influenciados por fontes estrangeiras (portuguesa e espanhola), mas que não chegaram a constituir um movimento propriamente dito.  Nesse contexto, merecem destaque a poesia de Gregório de Matos Guerra e a prosa do padre Antônio Vieira representada pelos seus sermões.

Didaticamente, o Barroco brasileiro tem seu marco inicial em 1601, com a publicação do poema épico Prosopopeia, de Bento Teixeira.


Prosopopeia

       
I

Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.

II

As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.

Esse poema, além de traçar elogios aos primeiros donatários da capitania de Pernambuco, narra o naufrágio sofrido por um deles, o donatário Jorge Albuquerque Coelho. Apesar de os críticos o considerarem de pouco valor literário, o texto tem seu valor histórico pois foi a primeira obra do Barroco brasileiro e o marco inicial do primeiro estilo de época a surgir no Brasil.

Fonte:

SóLeiteratura

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