“Vinda do verbo latino colere, que significa cultivar, criar, tomar conta e
cuidar, cultura significava o cuidado do homem com a natureza. Donde:
agricultura. Significava também, cuidado dos homens com deuses.
Donde: culto. Signficava ainda o cuidado com a alma e o corpo das
crianças, com sua educação e sua formação. Donde puericultura.”
“a cultura era o cultivo ou a educação do espírito das crianças para
tornarem-se membros excelentes ou virtuosos da sociedade pelo
aperfeiçoamento e pelo refinamento de suas qualidades naturais
(caráter, índole, temperamento). A cultura, era assim, a intervenção
deliberada e voluntária dos homens sobre a natureza de alguém para
torná-la conforme os valores de sua sociedade.”
(CHAUI, 2006)
“Dessa perspectiva, a cultura era moral (o sistema de mores ou de
costumes de uma sociedade), a ética (a forma correta de conduta de
alguém graças à modelagem de seu ethos natural pela educação) e
política (o conjunto de instituições humanas relativas ao poder e
arbitragem de conflitos pela lei)”
“Em seu sentido antigo, a cultura era o aprimoramento da natureza
humana por meio da educação entendida em seu sentido amplo, isto é,
como formação das crianças pela sua iniciação à vida da coletividade
por meio do aprendizado de música, dança, ginástica, arte da guerra,
gramática, poesia, oratória, lógica, história, filosofia etc.”
(CHAUI, 2006)
“Culta era a pessoa moralmente virtuosa, politicamente consciente e
participante, intelectualmente desenvolvida pelo conhecimento das
ciências, das artes e da filosofia, de sorte que a divisão social das classes
era sobredeterminada pela distinção entre cultos (os senhores) e
incultos (escravos, servos e homens livres pobres), e a distinção entre os
povos se fazim pela designação do outro como bárbaro.”
(CHAUI, 2006)
Século XVIII
“A partir do século XVIII, cultura, porém ganha um novo sentido,
passando a significar os resultados daquela formação ou educação dos
seres humanos, de seu trabalho e de sua sociabilidade, resultados
expressos em obras, feitos, ações e instituições: as artes, as ciências, a
filosofia, os ofícios, a religião e o Estado.
“Na medida em que o pensamento da Ilustração conserva a ideia antiga
de que a cultura é advento do estado social e da vida política, isto é, da
vita civile, cultura torna-se sinônimo de civilização, como expressão dos
costumes e das instituições enquanto efeitos da formação e da
educação dos indivíduos, do trabalho e da sociabilidade.”
(CHAUI, 2006)
Antropologia (séc. XIX)
“ A cultura é um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte,
moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.”
(TYLOR, Edward apud LARAIA, 1986)
Cultura e história (século XX)
"Cultura é uma concepção de mundo e de vida, coerente, unitária e de
difusão nacional; é uma religião laica. Uma filosofia que se tornou
cultura gerou um modo de viver, uma conduta civil e individual“
(GRAMSCI, 1999)
“Cultura é todo um conjunto de práticas e expectativas, sobre a
totalidade da vida: nossos sentidos e distribuição de energia, nossa
percepção de nós mesmos e nosso mundo. É um sistema vivido de
significados e valores – constitutivo e constituidor – que, ao serem
experimentados como práticas, parecem confirmar-se
reciprocamente.”
(WILLIANS,1979)
“A cultura pode ser considerada atualmente com um conjuntos de
práticas distintivas, espirituais e materiais, intelectuais e afetivas que
caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Engloba além das artes
e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano,
os sistemas de valores, as tradições e as crenças para que a cultura dê ao
homem a capacidade de refletir sobre si mesmo. É por meio da cultura
que distinguimos valores e fazemos opções. É pela cultura que o homem
se expressa, toma consciência de si mesmo, se reconhece como um
projeto inacabado, pondo em questão suas realizações, buscando
incansavelmente novas significaçoes, e cria obras que o transcede.”
(UNESCO,2014)
Cultura e Ministário da Cultura
(Plano Nacional de Cultura, 2008)
“Adotando uma abordagem antropológica abrangente, [o Plano
Nacional de Cultura] retoma o sentido original da palavra cultura e se
propõe a “cultivar” as infinitas possibilidades de criação simbólica
expressas em modos de vida, motivações, crenças religiosas, valores,
práticas, rituais e identidades. Para desfazer relações assimétricas e
tecer uma complexa rede que estimule a diversidade, O Plano Nacional
de Cultura prevê a presença do poder público nos diferentes ambientes
e dimensões em que a cultura brasileira se manifesta. As políticas
culturais devem reconhecer e valorizar esse capital simbólico, por meio
do fomento à sua expressão múltipla, gerando qualidade de vida,
autoestima e laços de identidade entre os brasileiros.”
(MinC, 2008)
Bibliografia
CHAUI, Marilena. Direito à memória. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,
2006.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1999.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Zahar. Rio de
Janeiro, 1986.
UNESCO. Líneas generales. Disponível em:
http://www.unesco.org/new/es/mexico/work-areas/culture/. Acesso em:
02 fv. 2014. [tradução livre do original em espanhol].
WILLIAMS, Raymond. Marxismo e literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
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