segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Cultura pós-moderna

Surgimento (segunda metade do séc. XX)

“Depois da experiência de duas guerras mundiais, depois de Aushwitz,
depois de Hiroshima, vivendo num mundo ameaçado pela aniquilação
atômica, pela ressurreição dos velhos fanatismos políticos e religiosos e
pela degradação dos ecossistemas, o homem contemporâneo está
cansado da modernidade. Todos esses males são atribuídos ao mundo
moderno. Essa atitude de rejeição se traduz na convicção de que
estamos transitando para um novo paradigma. O desejo de ruptura leva
à convicção de que essa ruptura já ocorreu, ou está em vias de ocorrer
(...). O pós-moderno é muito mais a fadiga crepuscular de uma época
que parece extinguir-se ingloriosamente que o hino de júbilo de
amanhãs que despontam. [...]. Nesse sentido, ela é um simples mal-estar
da modernidade, um sonho da modernidade. É literalmente, falsa
consciência, porque consciência de uma ruptura que não houve, ao
mesmo tempo, é também consciência verdadeira, porque alude, de
algum modo, às deformações da modernidade”.

(ROUANET, 1987)

Autores:


 Condição pós-moderna
 Jean-François Lyotard (filósofo)

 Modernidade líquida
 Zygmunt Bauman (sociológo)

 Hipermodernidade
 Gilles Lipovetsky (sociológo)

Características:


- Territoriral -- > Desterritoria

- Cultura nacional - -> Cultura global

-- Cultura dominante --> culturas hibrídas

- Identidade --> identificação

- Cultura popular --> cultura pop

- Modelo industrial --> modelo digital

Cultura popular

SURGIMENTO

“Com o romantismo, delineaream-se os traços principais do que se
tornou a Cultura Popular: primitivismo (isto é, a ideia de que a cultura
popular é retomada e preservação de tradições que, sem o povo, teriam
sido perdidas), comunitarismo (isto é, a criação popular nunca é
individual mas coletiva e anônima, pois é manifestação espontânea da
Natureza e do Espiríto do povo) e purismo (isto é, o povo por excelência
é o povo pré-capitalista, que não foi contaminado pelos hábitos da vida
urbana – Na Europa, são os camponeses que, vivendo próximos da
Natureza e sem contatos com estranhos, preservam os costumes
primitivos em sua pureza original; na América Latina, são os índios,
‘raíces de America’ [...].”
(CHAUÍ ,)

ATUALIDADE

“Já se disse que o interesse pelas culturas populares é contemporâneo
ao momento do seu desaparecimento. Antropólogos, historiadores,
sociológos, críticos estudam algo que praticamente não existe mais, tal
como existiu num passado não muito remoto: não há culturas
camponesas ou, pelo menos, culturas camponesas não contaminadas,
exceto em regiões extremamente pobres, onde o capitalismo se
dedicou apenas ao usufruto e à destruição. As culturas urbanas são uma
mistura dinâmica, um espaço varrido pelos ventos dos meios de massa.
[...] Culturas populares: artefatos que não existem em estado puro.”
(SARLO,2004) Cultura

‘“Hibridização”, “mestiçagem”, “reclicagem”, “mescla”, são as palavras
usadas para descrever o fenômemo. Os setores populares já não vivem
limitados ao espaço físico do bairro, da favela ou da fábrica. No telhado
das casas, nas ladeiras enlameadas ocupadas pelas favelas, ao longo das
autopistas de acesso às cidades, nos conjuntos habitacionais arruinados,
as antenas de televisão traçam as linhas imaginárias de uma nova
cartografia cultural.’
“O hermetismo das culturas camponesas, inclusive a miséria e o
isolamento das culturas indígenas, rompeu-se; os índios aprenderam
rapidamente que, se quiserem ser ouvidos na cidade, devem usar os
mesmos meios pelos quais eles ouvem o que se passa na cidade. […]
(SARLO,2004)

Indústria cultural

CONCEITO
"O surgimento da indústria cultural liga-se, de forma direta, à Revolução
Industrial, com o fenômeno da industrialização, da economia de mercado,
do capitalismo liberal e da indústria de consumo. Sua conceituação faz-se
em analogia à da produção econômica com o uso de máquinas, a divisão do
trabalho e a ideia da submissão da cultura ao mercado. A relação entre
indústria cultural e meios de comunicação de massa é feita, assim, quase de
forma direta, embora essa associação não seja inseparável. Com o
surgimento do rádio, do cinema e da televisão, a indústria cultural se
consolida, fenômeno localizado no século XX, aumentando a separação
entre a chamada cultura erudita e a cultura de massa. Os primeiros a utilizar
tal conceito foram os teóricos da Escola de Frankfurt, a partir do pressuposto
da função alienante da indústria cultural, ao retirar da cultura sua função de
instrumento de crítica, expressão e conhecimento, tornando-a mercadoria
consumível.“
(ITAÚ CULTURAL, 2014)

EFEITOS COLATERAIS:

“Como outras nações da América, a Argentina vive o clima do que se chama
de ‘pós-modernidade’ no marco paradoxal de uma nação fraturada e
empobrecida. Vinte horas diárias de televisão, em cinquenta canais, e uma
escola desarmada, sem prestígio simbólico nem recursos materiais;
paisagens urbanas traçadas segundo o último design do mercado
internacional e serviços urbanos em estado crítico. O mercado audiovisual
distribui suas bagatelas e aqueles que podem consumi-las se entregam a
essa atividade como se fossem moradores dos bairros ricos de Miami. Os
mais pobres só podem conseguir o fast-food televisivo; os menos pobres
consomem este e alguns bens, enquanto se lembram dos bons tempos da
escola pública, a qual seus filhos já não recebem o que receberam; os
demais , como em qualquer parte, escolhem o que quiserem.”
(SARLO, 2004)

Cultura contemporânea

ESPAÇOS CULTURAIS:

“[…] o bairro popular hoje é menos importante do que quarenta ou
cinquenta anos, como espaço de associação, construção da experiencia
comum e estabelecimento de relações face a face. Em muitas cidades, o
bairro operário e o subúrbio são lugares inseguros, onde a violência
cotidiana aconselha o recolhimento privado . E no centro mesmo do mundo
privado, reluz o vídeo sempre desperto. O bairro deixa de ser o território de
uso e pertencimento, porque seus habitantes seguiram o contraditório
processo duplo de transpor todas as fronteiras, tornado-se público
audiovisual, e ao mesmo tempo ficar cada vez mais encerrados dentro de
suas casas.”
(SARLO, 2004)

ESPAÇOS CULTURAIS:

“Velhos centros tradicionais de interação – a escola, as bibliotecas
populares, os comites políticos, as sociedades de fomento, os clubes de
bairro – deixaram de ser os lugares onde, no passado, definiam-se perfis de
identidade e sentido comunitário. Esses lugares, ainda dominados pela
cultura da letra e pela relação individual, face a face, têm hoje uma
presença muito menor. Recorre-se a eles não ao longo de um cotidiano
contínuo, e sim no momento de uma crise ou de uma necessidade
permptória. Os mais jovens não encontram nesses espaços nenhuma das
marcas culturais que interessavam a outros jovens, há trinta, quarenta ou
cinquenta anos. E sem jovens, não existe possiblidade de transmissão
cultural. Outros lugares propõem alternativas mais bem sintonizadas com as
qualidades da cultura audiovisual: [lan houses,, discotecas] etc.”
(SARLO, 2004)

Bibliografia

 BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

 CHAUI, Marilena. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no
Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1989.

 COELHO, Teixeira. Dicionário crítico de políticas culturais: cultura e
imaginário. São Paulo: Iluminuras/Fapesp, 1999.

 ITAÚ CULTURAL. Indústria cultural. In: ______. Glossário. Disponível em: <
http://novo.itaucultural.org.br/obsglossario/industria-cultural/ >. Acesso
em: 10 fev. 2014.

 LIPOVETSKY, Gilles. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Barcarolla, 2004.

 LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. 8. ed. São Paulo: José
Olympio, 2004.


ROUANET, Sergio Paulo . As razões do iluminismo. São Paulo: Companhia
das Letras, 1987.

 SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura
na Argentina. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2004.



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